Novo advogado vê investigação contra Bolsonaro enviesada
"Estou convencido de que ele não praticou crime algum", disse Celso Vilardi sobre processos aos quais o ex-presidente responde
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O advogado Celso Vilardi disse à CNN que reforçará o time de advogados do ex-presidente Jair Bolsonaro e que, após estudar as milhares de páginas do processo em que ele é acusado de tentativa de golpe, concluiu que seu novo cliente é inocente e que o trabalho da Polícia Federal foi enviesado.
“Estou convencido de que ele não praticou crime algum e estou disposto a defendê-lo depois de analisar milhares de páginas do inquérito e concluir que o trabalho da Polícia federal foi enviesado”, disse Vilardi à CNN.
Vilardi defendeu casos de alcance nacional na Operação Lava Jato, quando atuou a favor de executivos da empreiteira Camargo Corrêa, do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares no mensalão e do empresário Eike Batista.
“Me sinto muito à vontade porque não sou defensor do STF nem crítico feroz. Procuro ser equilibrado”, relatou o advogado.
Questionado sobre os atos de 8 de janeiro, Vilardi diz que não vê responsabilidade de Bolsonaro.
“Tive um posicionamento muito firme em relação ao 8 de janeiro. Não sou radical de direita. Assinei manifestos pela democracia. Não achei que 8 de janeiro foi um domingo no parque. Mas entendi que devo pegar o caso justamente porque não vi nenhuma participação de responsabilidade do ex-presidente”, disse.
Vilardi se junta agora ao time de Paulo Bueno, que já vinha defendendo Bolsonaro.
O advogado é um dos mais respeitados criminalistas brasileiros, com amplo trânsito nas cortes superiores de Brasília. Ele é também professor de direito na Fundação Getúlio Vargas.
A CNN procurou a Polícia Federal e aguarda retorno.
Bolsonaro indiciado
O relatório final de 884 páginas da Polícia Federal sobre o plano de golpe de Estado no Brasil aponta o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como “líder” do grupo de 37 pessoas que, segundo a PF, organizou um plano para mantê-lo na Presidência após a derrota nas urnas.
Segundo a PF, Bolsonaro “planejou, atuou e teve o domínio de forma direta e efetiva” nos atos da organização criminosa que planejou a tomada de poder.
A PF diz que Bolsonaro “tinha plena consciência e participação ativa” na prática de “atos clandestinos” que visavam abolir o Estado de Direito.
Os investigadores disseram, ainda, que a carta com teor golpista assinada por oficiais do Exército era de conhecimento de Bolsonaro e que o documento era uma estratégia para incitar os militares e pressionar o Comando do Exército para aderir à tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
Fala ainda que Bolsonaro tinha “pleno conhecimento” do plano para matar Lula e que a morte de Lula e de Alckmin aconteceriam para “extinguir” a chapa vencedora da eleição de 2022 e constavam no documento intitulado “Punhal Verde e Amarelo”, impresso pelo general Mario Fernandes no Palácio do Planalto.
Dizem ainda que a tentativa de golpe de Estado contava com um plano de fuga de Bolsonaro caso a iniciativa desse errado.