Lira x Padilha: Planalto avalia que disputa é mais por recursos do que por votos na Câmara
Tanto que partidos do Centrão, onde Lira tem grande influência, acabaram divididos


O embate entre o presidente da Câmara, Arthur Lira, e o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, tem mais a ver com uma disputa pelo controle de recursos federais do que por votações no Congresso, como a que acabou mantendo a prisão do deputado federal Chiquinho Brazão, avaliaram à CNN duas fontes graduadas do Palácio do Planalto.
Mais especificamente, sobre duas operações políticas lideradas por Padilha: o veto à liberação de R$ 5,6 bilhões em emendas parlamentares e a blindagem que Padilha faz à ministra da Saúde, Nísia Trindade.
Em janeiro, Lula vetou um dispositivo do orçamento que previa o repasse de R$ 5,6 bilhões em emendas de comissão, que são direcionadas à Câmara e ao Senado.
Nos bastidores, Lira se incomodou e ali ficou interrompida a relação entre ambos. Dentro do Planalto, foi Padilha quem bancou o veto a Lula e o transmitiu a lideranças do Congresso.
Na época, ele disse que o veto ocorreu por conta da inflação que, segundo ele, “autoriza menos recursos para o governo”. Em outra frente, Padilha também lidera a manutenção de Nísia Trindade na Saúde ante os ataques especulativos que ela sofre, em especial do Centrão.
Nesse sentido, a indisposição de Lira com Padilha só foi potencializada com o papel que Padilha teve na votação de que levou a manutenção da prisão de Chiquinho Brazão ontem na Câmara.
Desde cedo, Padilha deixou clara a posição do governo a favor da manutenção da prisão, o que, na avaliação de fontes do Planalto, acabou ajudando no placar final.
Tanto que partidos do Centrão, onde Lira tem grande influência, acabaram divididos. A derrota acabou ampliada porque um dos preferidos de Lira para sua sucessão, o líder do União Brasil, Elmar Nascimento, acabou sendo um dos mais vocais pela libertação de Brazão.