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    Caio Junqueira
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    Caio Junqueira

    Formado em Direito e Jornalismo, cobre política há 20 anos, 10 deles em Brasília cobrindo os 3 Poderes. Passou por Folha, Valor, Estadão e Crusoé

    Governo decide adotar estilo “bateu, levou” com Trump após crítica a Moraes

    Reação do Itamaraty teve chancela de Lula e retrata indignação com texto publicado pelo Departamento de Estado norte-americano sobre decisões do STF

    O governo brasileiro decidiu adotar o estilo “bateu, levou” daqui em diante em relação a eventuais manifestações por parte do Casa Branca de Donald Trump. O que a diplomacia brasileira considerar uma ingerência indevida será respondido imediatamente.

    A dura nota publicada no meio da tarde desta quarta-feira como reação à nota da Casa Branca já é considerada no entorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como exemplo da nova postura.

    Um órgão ligado ao Departamento de Estado norte-americano, responsável pela diplomacia dos EUA, havia publicado nas redes sociais nota com crítica a bloqueios e multas aplicadas no Brasil contra empresas norte-americanas.

    A leitura no Palácio do Planalto e no Itamaraty é de que a nota do governo Trump foi “um absurdo”, como expressou uma fonte que participou da confecção da reação brasileira.

    Isso pelo fato de que, na leitura dos brasileiros, o texto norte-americano sugeriu que o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes queira impor restrições ́ liberdade de expressão dentro da jurisdição dos EUA.

    Uma outra fonte que também tratou do assunto em Brasília hoje mencionou que não havia como o Brasil não responder no tom adotado, justamente porque se tratava do que foi classificado como “fake news” por parte do governo Trump.

    A redação da nota começou pelo gabinete do chanceler Mauro Vieira e foi encaminhada à assessoria internacional da Presidência no Planalto, que fez sugestões em alguns pontos. O texto final foi acordado entre ambos e chancelado por Lula. Em nenhum momento, segundo relatos, houve dúvidas da necessidade de se responder nem do tom dessa resposta.

    A ideia era sinalizar que as decisões de Moraes e do Judiciário brasileiro são respaldadas pela Constituição Federal de 1988, debatida e pactuada pela sociedade brasileira e pelo sistema político e jurídico nacional.

    E que, portanto, se trata de algo atinente à soberania nacional. E se uma nação estrangeira questionar isso, terá uma resposta no mesmo tom. Além disso, biscou-se deixar claro que combater fake news é uma prerrogativa do sistema judicial brasileiro.

    Ainda assim, a nota foi considerada sóbria e sem bravatas, tendo o objetivo de delimitar limites com o governo Trump e sinalizar que, se os Estados Unidos optarem novamente por bater, levarão resposta à altura.

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