Ex-presidente da Petrobras de Lula e Dilma tenta aproximar estatal de grupo baiano
Segundo fontes, a mudança na gestão da Petrobras abriu a possibilidade de que a Quinto consiga um contrato; Gabrielli foi um dos que apoiaram a substituição de Prates por Chambriard
O ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli atua como consultor da empresa Quinto Energy, sediada em Salvador (BA) e que segundo seu próprio site, “atua no desenvolvimento de projetos de energia Eólica e Solar, e produtora de Hidrogênio Verde e Amônia Verde”. A empresa tem tentado vender seus projetos para a Petrobras.
A própria Quinto confirmou em nota à CNN que Gabrielli presta consultoria a ela.
A empresa pertence a um grupo de empresários da Bahia e, nos últimos meses, tem tentado fazer com que a Petrobras contratasse seus serviços, segundo fontes graduadas da empresa.
A possibilidade de que seus serviços sejam contratados foi encaminhada para análise interna da Petrobras para o diretor-executivo de Transição Energética e Sustentabilidade da estatal, Mauricio Tomalsquin. No entanto, o processo não evoluiu. A avaliação interna foi de que era preciso de mais tempo para análise e o contrato foi deixado de lado na lista de prioridades.
A empresa, porém, continuou tendo defensores significativos na Petrobras. Em abril, por exemplo, um mês antes da queda de Jean Paul Prates, o presidente do Conselho de Administração da estatal, Pietro Mendes — adversário interno de Prates— fez menções a Gabrielli e a uma reunião com a Quinto no Ministério de Minas e Energia, do qual é secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis. Procurado, ele não se manifestou.
A fala ocorreu durante o seminário “Transição Energética Justa, Inclusiva e Equilibrada: Caminhos para o setor de óleo e gás viabilizar a nova economia verde” promovido pelo ministério.
Fontes da estatal relataram à CNN que, com a mudança na gestão de Jean Paul Prates para Magda Chambriard, há possibilidade de que a Quinto consiga “entrar” na Petrobras. Gabrielli foi um dos que apoiaram a substituição de Prates por Chambriard, assim como Pietro Mendes e o ministro da Casa Civil, Rui Costa, que é baiano e ainda segundo fontes da estatal, entusiasta dos projetos da empresa.
Seu sucessor no governo da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), já assinou um protocolo de intenções referentes a projetos em desenvolvimento no seguimento de energias renováveis, segundo confirmou a CNN pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico do estado.
Em nota, a Quinto informou que “atua no segmento de desenvolvimento de projetos de energia renovável e estabelece um diálogo institucional e comercial com os principais players do mercado energético em âmbito nacional e internacional, a exemplo de Brasil, China, Alemanha, Estados Unidos, Arábia, Portugal” e que “a empresa conta com a consultoria de diversos profissionais do mercado brasileiro e internacional e Gabrielli é um deles”.
Questionada se já detinha contratos com o governo da Bahia ou federal, a empresa disse que “não tem contrato com o governo do estado nem com o governo federal, tendo apenas protocolos de intenções com o Governo da Bahia sobre os projetos que desenvolve” e que “A Quinto Energy, por ser uma empresa privada, estabelece um diálogo estritamente institucional com os governos, bem como os demais players do setor energético mundial”.
Questionada se analisa um contrato com a Quinto, a Petrobras respondeu: “Conforme divulgado no Plano Estratégico 2024-2028, para o segmento de geração renovável onshore, a companhia está buscando oportunidades de Fusões e Aquisições para projetos existentes no Brasil. A companhia tem a ambição de equilibrar a capacidade de geração térmica e renovável nos próximos quatro anos. A meta é atingir, até 2028, capacidade em operação ou em construção de aproximadamente 5GW em geração renovável”.
A CNN procurou no começo da tarde de segunda-feira Gabrielli, Rui Costa e Pietro Mendes, mas eles não se manifestaram.
