Com apoio de Lula, ala política derrota equipe econômica em estratégia para divulgação de cortes
Governo avalia que isenção do IR terá dificuldades no Congresso
A equipe econômica tentou barrar até o último instante o anúncio casado do pacote de corte de gastos com uma proposta de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.
Foi, como se sabe, derrotada pela ala política que teve apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nos debates internos do governo.
Segundo fontes que participaram das reuniões dos últimos dias que definiram o anúncio casado, a equipe econômica alertou a leitura que o mercado faria das duas medidas conjuntamente e que impactaria no câmbio. O dólar chegou a R$ 5,91 nesta quarta-feira (27).
A ala política, porém, encabeçada pelos ministros Rui Costa (Casa Civil) e Paulo Pimenta (Secretaria da Comunicação), entendeu que era preciso neutralizar uma medida restritiva de benefícios sociais como o pacote de corte de gastos com o atendimento a uma promessa de campanha, como a isenção do IR.
A expectativa agora na equipe econômica é que nos próximos dias os agentes de mercado compreendam que tecnicamente as duas medidas terão dinâmicas diferentes.
O pacote de corte de gastos deve surtir efeito mais rápido, porque há interesse do Congresso em avançar com ele. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), já sinalizaram apoio a avançar com a tramitação ainda neste ano.
Por outro lado, a leitura é a de que a isenção do IR não deve ter o mesmo trato no Congresso justamente porque, para que a medida avance, será preciso aumentar tributos e deputados e senadores estão com restrição a promover o aumento de impostos.