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    Caio Junqueira
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    Caio Junqueira

    Formado em Direito e Jornalismo, cobre política há 20 anos, 10 deles em Brasília cobrindo os 3 Poderes. Passou por Folha, Valor, Estadão e Crusoé

    Análise: Confronto com Lira é caminho perigoso para governo

    Nesta terça-feira (16), dois movimentos apontam neste sentido

    O governo parece estar decidido a confrontar o presidente da Câmara, Arthur Lira.

    Somente nesta terça-feira, dois movimentos apontam nesse sentido. A demissão do primo de Lira do cargo de superintendente do Incra em Alagoas e o acordo que teria sido fechado para adiar a votação nesta quinta da derrubada do veto do presidente Lula ao dispositivo da lei orçamentária que destina R$ 5,6 bilhões em emendas de comissão aos parlamentares.

    Os dois movimentos não teriam tido o aval de Lira, a despeito de o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, ter dito à CNN que a exoneração foi combinada com ele. O silêncio de Lira até agora sugere o contrário.

    Somando-se os movimentos de hoje com os da semana passada, quando Lula saiu em defesa de Padilha após Lira xingá-lo, fica claro que a aposta do Palácio do Planalto é, com o passar do tempo, considerar cada vez mais Lira carta fora do baralho, em razão de haver um prazo para o presidente da Câmara deixar seu cargo: fevereiro de 2025.

    Trata-se porém de uma estratégia errada que ignora dois fatores que podem manter Lira com condições de manobrar contra o governo com consequências imprevisíveis.

    A primeira é um dado externo à Câmara: a popularidade de Lula. Todas as pesquisas recentes apontam haver mais pessoas desaprovando o governo do que aprovando. Como senadores — e deputados principalmente— são conectados à realidade de suas bases eleitorais, a rejeição ao presidente é um catalisador natural de movimentos políticos contra o Palácio do Planalto por parte de parlamentares.

    O segundo é um dado interno da Câmara. Goste-se ou não, a base fiel de Lira, estimada em 300 deputados, ainda é maior que a base fiel de Lula, estimada em 150 deputados. Isso faz com que daqui para fevereiro —estamos falando de dez meses— ele tem poder de manobrar e impor derrotas contra o governo. Ainda mais em se considerando que hoje o Legislativo não depende do governo para ter acesso a emendas parlamentares.

    Esse aliás é considerado o grande motivo do conflito entre Lira e Padilha, como mostrou a CNN.

    É legítimo que o governo tente recuperar o controle do Orçamento federal, mas a depender da forma, o risco é alto. Ainda mais com Arthur Lira do outro lado.