À CNN, advogada da reunião com Bolsonaro diz que denunciou organização criminosa na Receita
Juliana Bierrenbach disse que o Sindifisco abriu uma apuração interna para tratar do assunto
A advogada Juliana Bierrenbach, umas das presentes na reunião com o então presidente Jair Bolsonaro cuja íntegra teve seu sigilo levantado pelo STF nessa segunda-feira (15), disse à CNN que o motivo da reunião foi para que ela levasse até Bolsonaro uma apuração que fez de que havia uma organização criminosa dentro da receita Federal levantando dados sigilosos de contribuintes.
“O que eu relatei foi a existência de uma organização criminosa no âmbito da Receita. Eles atuam da seguinte forma. Existe uma portaria que é de 2012 que determina que alguns funcionários da Corregedoria da Receita federal e da área de investigação podem utilizar uma senha de acesso que torna o acesso dos funcionários indetectável”, disse Bierrenbach.
Ela continua: “Isso acontece ainda mais se você for inimigo deles. Eles fazem uma investigação nos seus dados, vão investigar tudo e aí ou fazem uma denúncia anônima e a Receita investiga ou fazem um Relatório de Inteligência Financeira espontânea com informação que não é própria de um relatório desse tipo. E eu fui lá informar isso ao presidente”.
Bierrenbach disse ainda que o Sindifisco abriu uma apuração interna para tratar do assunto.
“Eu avisei inclusive o presidente que descobri que no Sindifisco havia uma investigação que demonstrava que esse era o modus operandi dos funcionários da Receita Federal. Essa investigação do Sindifisco que eu tive acesso demonstra cabalmente uma organização criminosa dentro da Receita.”
A advogada contesta a ideia de que foi para a reunião para pedir ajuda para desmantelar o suposto esquema. “Eu fui levar ao conhecimento das autoridades a existência de uma organização criminosa. Não se foi pedir nenhum tipo de benefício.”
Ela disse ainda que não houve, após a reunião, nenhum desdobramento concreto. “Não virou nada a reunião. O que fizemos foi uma formalização dessa situação ao Serpro e à Receita. Mas não teve nenhum desdobramento”.
Bierrenbach disse ainda à CNN que deixou o caso e que o senador Flavio Bolsonaro não é mais seu cliente.
O presidente do Sindifisco, Isac Moreno Falcão dos Santos, relatou à CNN que a Receita Federal constatou oficialmente que as denúncias feitas pelas advogadas de Flávio Bolsonaro eram improcedentes.
“A Receita solicitou formalmente ao Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) que fizesse um levantamento e uma apuração para verificar se houve acessos irregulares nos dados do senador e o que se verificou foi de que não houve”, afirmou o presidente do Sindifisco.
De acordo com ele, a tese das advogadas teve como origem uma apuração da corregedoria da Receita contra servidores do órgão suspeitos de corrupção e que acabaram demitidos posteriormente.
“Esses servidores queriam anular o processo que os demitiu e entraram na Justiça contra os corregedores para tentar anular o processo contra eles. A tese era de que a Receita acessou os dados deles de maneira irregular e essa tese foi abraçada pelas advogadas do senador para o caso envolvendo ele com a mesma premissa: de que houve um acesso irregular que deveria levar a anulação do processo”, relata Isac Moreno.