OEA racha sobre Venezuela e reunião pode acabar sem votação
Presidente do conselho da OEA marcou reunião prévia busca um consenso ente os países


Os países que integram a Organização dos Estados Americanos divergiram nas últimas 24 horas sobre um texto em conjunto acerca da situação da Venezuela e farão uma última tentativa de acordo na manhã desta quarta-feira (31) em busca de um consenso para a reunião principal prevista para às 15h.
De um lado, a Argentina de Javier Milei tenta liderar um movimento para que o colegiado aprove um documento deixando claro que a OEA não reconhece o resultado das eleições na Venezuela.
O texto argentino aborda todo o histórico de repressão e crimes políticos e contra os direitos humanos do regime chavista ganhou apoio do Peru, presidido pela direitista Dina Boluarte, e de outros países com dirigentes conservadores.
Por outro lado, o Chile, comandado pelo presidente de esquerda Gabriel Boric, elaborou uma contraproposta mais amena na qual solicita que autoridades eleitorais da Venezuela divulguem o mais rápido possível as atas e que possibilite recontagem do resultado eleitoral com observadores internacionais.
Esse documento ganhou o apoio de outros países como Paraguai e República Dominicana, mas foi considerado utópico por fontes na OEA, uma vez que Nicolás Maduro sequer aceitou observadores internacionais independentes na eleição em si, quanto mais em uma eventual recontagem de votos.
Diante do impasse que se estendeu até a noite desta terça-feira (30), o presidente do Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos, Ronald Sanders, marcou uma reunião prévia, que se iniciou às 11h30 desta quarta-feira, em busca de um consenso ente os países.
Mas já deixou claro a interlocutores não estar otimista que isso será possível e a reunião agendada para a tarde com o objetivo de discutir a situação da Venezuela pode acabar sem a aprovação de nenhum documento. Sanders só pretende pautar algo se houver chance de aprovação.
Isso porque mesmo que os países que atuam para aprovar algo consigam formalizar uma proposta, há dúvidas se países caribenhos votariam em qualquer documento que tivesse restrições à Venezuela. A América Central tradicionalmente evita temas relacionados a Venezuela ou, quando se manifesta, apoia o país.
Além disso, o Brasil tem manifestado nos bastidores que o ideal é que a OEA não se posicione em nenhum sentido, pois seria contraproducente qualquer posicionamento do órgão.
A leitura da diplomacia brasileira é que o órgão perdeu a capacidade de tratar de assuntos referentes a Venezuela por ser considerado por fontes do Itamaraty parcial e próximo aos Estados Unidos, que tem visão crítica da Venezuela.
Diplomatas relatam que a OEA, por exemplo, aceitou a entrada da Venezuela no órgão após o autodeclarado presidente do país Juan Guaidó, adversário de Maduro, manifestar interesse em integrar o colegiado.
Após a crise com Guaidó, o país nunca voltou a integrar a OEA, o que limita, segundo fontes do Itamaraty, a possibilidade de que o país se posicione sobre si próprio. Por isso, há a leitura de qualquer manifestação da OEA poderá ser utilizada politicamente pelo próprio Maduro dado o histórico da organização contra o regime.
Nesse sentido, a preferência do Brasil é que nenhum texto seja apresentado e votado. Mas se por ventura algum for apresentado, o Brasil irá analisar seu posicionamento a depender do seu teor.