Estudo da Shell entregue a Lula diz que bacias da costa foram mal exploradas
O CEO mundial da Shell, Wael Savan, entregou ao presidente Lula em um encontro reservado em Nova Iorque um estudo que defende a necessidade de o país avançar na exploração de petróleo.
O encontro ocorreu fora da agenda oficial do presidente e gerou indisposição dentre ambientalistas. Em especial devido ao fato de a cidade estar sediando a Semana do Clima, um encontro que reúne acadêmicos, empresários, autoridades e sociedade civil para debater o enfrentamento às mudanças climáticas. O petróleo é considerado um dos vilões rumo à descarbonização.
Intitulado “Brasil: liderando o mundo rumo à neutralidade de emissões”, o estudo entregue pelo CEO da Shell a Lula tem 80 páginas e no tópico referente a “produção de petróleo no Brasil” menciona a necessidade de o país avançar na exploração do óleo.
“A desaceleração na atividade de exploração entre 2013 a 2018, associada a resultados decepcionantes das rodadas de licitação mais recentes no pré-sal, significa que a produção futura agora depende de novas explorações. Nesse sentido, o Brasil sem dúvida possui um enorme potencial”, diz o texto.
Ele fala também que “muitas bacias ao longo de sua extensa costa mal foram exploradas e, além das atividades da Petrobras”. Uma alusão em especial a margem equatorial brasileira, foco de grande embate entre as alas desenvolvimentistas e ambientalistas do governo. O Ibama trava há mais de um ano a resposta a um recurso da Petrobras para explorar a região.
O documento da Shell fala ainda que “dez poços de exploração de alto impacto planejados para serem perfurados somente em 2024 podem marcar a próxima fase na expansão da produção brasileira”.
A Shell confirmou a entrega do estudo a Lula.
“A conversa passou por tópicos de relevância do setor de energia no Brasil e foi também uma oportunidade de apresentar ao Presidente o estudo de cenários de transição energética elaborado pela companhia com foco no país”, disse a assessoria em nota.
A empresa também afirmou que “a reunião foi pedida pela Shell como parte da agenda de visita do CEO ao Brasil esta semana, e acabou sendo realizada em Nova Iorque por uma questão de logística e disponibilidade de calendário de ambos os líderes”.