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    Caio Junqueira
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    Caio Junqueira

    Formado em Direito e Jornalismo, cobre política há 20 anos, 10 deles em Brasília cobrindo os 3 Poderes. Passou por Folha, Valor, Estadão e Crusoé

    Exploração de poço na Foz do AM pode ser a mais cara da história da Petrobras, diz Prates

    Petrobras estima ter realizado investimentos de pelo menos R$ 500 milhões, segundo fontes ligadas ao Ministério de Minas e Energia

    A exploração do poço FZM-59, na Foz do Amazonas poderá ser a de maior custo da história da Petrobras. A estimativa foi feita pelo presidente da empresa, Jean Paul Prates, nesta segunda-feira (6), durante a Offshore Technology Conference (OTC), maior conferência mundial da indústria de petróleo e gás em águas profundas.

    “Este pode vir a ser o poço mais caro da história da Petrobras sem ser perfurado. Isso mostra o quão comprometidos, quão empenhados estamos nesse escopo. Estamos prontos para fazer isso da maneira certa”, disse Prates.

    A Petrobras estima ter realizado investimentos de pelo menos R$ 500 milhões em operações de perfuração de poços na bacia da Foz do Rio Amazonas, segundo fontes ligadas ao Ministério de Minas e Energia.

    A estatal tenta obter licença do Ibama para essa exploração. O Ibama rejeitou em maio de 2023 o pedido de licenciamento para perfuração do FZM-59. A Petrobras, então, entrou com um recurso até hoje não analisado pelo órgão ambiental, que é uma autarquia do Ministério do Meio Ambiente.

    Prates, porém, afirmou que a relação da Petrobras com o Ibama e com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, é amigável.

    “[A relação] com a Marina é muito forte e amigável. E, acima de tudo, muito respeitosa, porque entendemos a importância e a dureza do debate sobre petróleo, Amazônia, transição energética, proteção da Amazônia, COP 30 em Belém. Não é um mapa fácil de percorrer”, complementou.

    De acordo com o presidente da Petrobras, a estratégia tem sido evitar o confronto. “Precisamos realmente dialogar. Leva tempo. É mais difícil do que impor um lado sobre o outro.”

    Prates descreveu os cuidados que a Petrobras entende serem necessários para a exploração na Margem Equatorial, faixa entre o litoral do Rio Grande do Norte e o Oiapoque, no Amapá.

    “Não é porque queremos produzir petróleo lá, é porque queremos produzir da maneira certa, no momento certo e da maneira necessária, com toda a segurança e requisitos da Ibama e do MMA totalmente atendidos. E é isso que estamos fazendo. Todas as pessoas do meio ambiente da Petrobras, estão fazendo tudo o que está sendo pedido.”

    O presidente da Petrobras afirmou que há mais estrutura de segurança para explorar o poço FZM-59 na Amazônia “do que há para toda a bacia de Campos”, localizada entre o litoral norte do Rio de Janeiro e o Espírito Santo.

    Poços perfurados desde os anos 80

    Prates reconheceu que o nome “Foz do Amazonas” é usado desde tempos antigos por geólogos, mas rejeita o uso da expressão atualmente para denominar a nova fronteira exploratória de petróleo.

    “‘Foz do Amazonas’ soou como um bom nome, muito atraente. Mas, nos tempos atuais, tornou-se um nome ruim. Porque todo mundo diz: ‘Oh! É a Foz do Amazonas. Oh! Eles vão destruir os manguezais, vão destruir tudo’”, disse ao parafrasear críticos à exploração na Margem Equatorial.

    O presidente da Petrobras usou outro argumento para rebater críticas à exploração ao lembrar que mais de 40 poços já foram perfurados na Foz do próprio Amazonas, “próximos ao Amapá e Marajó (Pará), no meio dos manguezais, e não houve problema”.

    “Foram perfurados nos anos 80 e 90. Qual é o problema com isso? Estamos produzindo no meio do Urucu [rio afluente do rio Amazonas], no meio da selva. Todos os dias, milhares e milhares de barris por dia circulando na própria Amazônia, passando por Manaus, Parintins, todas essas cidades costeiras até o oceano. Somos responsáveis.”
    “Claro que algo pode acontecer, por isso estamos colocando toda essa estrutura lá, para detectar a tempo”, concluiu.