Escolhido relator do projeto de lei que anistia acusados pelo 8 de janeiro, o deputado Rodrigo Valadares (União-SE), afirmou à CNN, nesta quarta-feira (5), que recebeu pedido do ex-presidente Jair Bolsonaro para não ser beneficiado pelo texto.

Valadares foi designado relator do PL da Anistia na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. Ele irá comandar a análise de vários textos que tratam do 8 de janeiro e até de crimes anteriores a esta data. A proposta principal, de autoria do ex-deputado Victor Hugo, é de novembro de 2023, e permite o perdão de pessoas que tenham cometido ilícitos eleitorais e até mesmo a reversão de inelegibilidade desde outubro de 2022. Se essa parte do texto passar, Bolsonaro poderia concorrer às eleições. Junto a essa proposta, foram anexados textos de outros deputados bolsonaristas, como Alexandre Ramagem (PL-RJ), e que tratam diretamente do 8 de janeiro.

“Vários textos foram apensados, eu sei disso. O norte do relatório vai ser a construção de diálogo para ter solução possível para os presos do dia 8. Vou fazer uma rodada de diálogos para construir a solução possível. O próprio Bolsonaro já falou para mim e outros integrantes da CCJ que não quer nenhuma proposta que tratasse de nenhuma anistia para ele”, disse o deputado à CNN.

Apesar de integrar o União Brasil, partido com ministérios no governo Lula, Valadares é próximo de parlamentares bolsonaristas. Ele já participou de manifestações públicas pró-Bolsonaro.

A definição de Valadares na relatoria do projeto teve o apoio do líder do União Brasil, Elmar Nascimento, cotado para suceder o presidente da casa, Arthur Lira (PP-AL).

O nome dele foi anunciado pela presidente da CCJ, Carol De Toni (PL-SC). Até então, a relatora do projeto era a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), escolhida pelo antigo presidente da CCJ Rui Falcão (PT-SP). Ela deixou a comissão neste ano.