“Hugo derrapou na largada”, afirma coordenador do Prerrogativas
Marco Aurélio Carvalho diz que o presidente da Câmara deveria procurar um "bom advogado" para se aconselhar ao dizer que não houve tentativa de golpe de Estado no 8 de janeiro
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O coordenador do grupo Prerrogativas, Marco Aurélio Carvalho, afirmou, neste sábado (8), que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), “derrapou na largada” ao dizer que não houve tentativa de golpe de Estado no 8 de janeiro de 2023.
Carvalho lidera um grupo que reúne advogados progressistas e de apoio ao governo Lula. Para ele, Hugo deveria procurar um “bom advogado” para se aconselhar. Ele disse que irá procurar o novo comandante da Câmara para uma conversa.
“Hugo se elegeu com a segunda maior votação da história e teve o apoio e o voto de inúmeros deputados que integram o campo democrático. Fez aceno para um lado, para os extremistas que integram o bolsonarismo. Mas esqueceu do outro! Derrapou na largada! Vamos procurá-lo para um debate saudável e respeitoso a respeito”, disse.
Carvalho observou que Hugo deveria analisar melhor os fatos e a investigação sobre o caso porque, para ele, não há dúvidas sobre a tentativa de golpe.
“Como bom médico que é, Hugo Motta deveria fazer uma anamnese adequada do 8 de janeiro. Nunca houve, na história de nenhum país do mundo, uma tentativa tão fartamente documentada de golpe de Estado como a que assistimos no Brasil”, declarou.
“Talvez fosse o caso de ele ‘examinar’ os pacientes, os sintomas, os exames… Ou, ainda, talvez fosse o caso de fazer uma leitura atenta e isenta dos inquéritos e processos e de consultar um bom advogado”, prosseguiu.
Hugo Motta obteve 444 votos, com apoio de governistas e bolsonaristas. É o deputado mais jovem a ocupar a cadeira de presidente da Casa, aos 35 anos. O mandato é de dois anos.
A declaração pode indicar facilidade para aprovação do PL da Anistia, projeto de lei que perdoa os culpados pela destruição do 8 de janeiro. O texto foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara e encaminhado depois para uma Comissão Especial, que ainda não andou.
“Temos boas expectativas com a gestão dele. Temos carinho e respeito pela luminosa trajetória política que construiu… Há espaço, pois, para dialogarmos.
A defesa da Democracia e das instituições deve ser uma preocupação comum. E a anistia não pode ser uma possibilidade”, concluiu Carvalho.
Apesar da posição enfática, integrantes do grupo de Carvalho, o Prerrogativas, ingressaram recentemente na defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro e do ex-ministro Braga Netto. Ele chegou a dizer que não poderia desejar que tenham sucesso na defesa do caso.