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    Basília Rodrigues
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    Basília Rodrigues

    Apura e explica. Adora Jornalismo e Direito. Vencedora do Troféu Mulher Imprensa e prêmios Especialistas, Na Telinha e profissionais negros mais admirados

    Análise: O que acontece nos EUA se repete no Brasil?

    Deputados federais debateram sobre Donald Trump, que venceu as eleições presidenciais dos EUA e voltará à Casa Branca por mais quatro anos

    A edição especial do Grande Debate desta quarta-feira (6) trouxe os deputados federais Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e Tabata Amaral (PSB-SP). Além da conhecida oposição entre trumpistas e progressistas, Eduardo e Tabata também divergiram sobre a possibilidade da eleição de Donald Trump influenciar no retorno do ex-presidente Jair Bolsonaro ao comando do Brasil.

    Apesar das eleições terem sido nos Estados Unidos, nas últimas horas só se ouve falar da disputa pela presidência do Brasil. Bolsonaristas defendem que o que acontece nos Estados Unidos pode ser replicado por aqui. A esquerda e parte da centro-direita divergem.

    “A gente tem que ter muito cuidado de não traduzir o que acontece nos Estados Unidos como se fosse preditor de algo do que pode acontecer no Brasil. Historicamente, os pêndulos vão na direção inclusive contrária”, afirmou Tabata.

    “Acontece nos Estados Unidos, acontece no Brasil sim. Depois do 2016 (eleição de Trump) nos EUA, houve o 2018 (eleição de Bolsonaro) no Brasil. E, se Deus quiser, depois do 2024 aqui nos Estados Unidos, 2026 será retorno do Jair Bolsonaro para gente resgatar os bons tempos do Brasil, em que pese a pandemia”, respondeu Eduardo.

    O resultado das eleições de 2026 não está escrito nas estrelas, muito menos o voto dos americanos irá definir a escolha dos brasileiros. Mas abre espaço para reflexões.

    Apesar da eleição de Trump, Bolsonaro continua inelegível. Mesmo que a frase pareça óbvia, muita gente, decepcionada com as eleições de 2022, sentiu a vitória de Trump como se fosse para o Palácio do Planalto.

    Trump foi eleito (para comandar a Casa Branca, claro), mesmo condenado criminalmente. Já Bolsonaro, nem mesmo pode disputar eleições pelos próximos oito anos devido a duas condenações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abusos políticos.

    Para voltar a ser elegível em 2026, Bolsonaro necessitaria dos votos favoráveis da maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o que não há perspectiva de acontecer, diante da atual composição da corte. A próxima troca prevista de ministros será em 2028.

    Além disso, Brasil e Estados Unidos têm diferenças estruturais quanto ao sistema político. Enquanto os americanos têm apenas candidatos republicanos ou democratas, os brasileiros encaram muito mais alternativas de partidos, cerca de 30 legendas, e consequentemente têm mais opções de candidatos.

    Para Tabata Amaral, que foi candidata à prefeitura de São Paulo, as eleições de 2024 deram recado às candidaturas extremistas. Em resposta a ela, Bolsonaro afirmou que não faz parte de um grupo político radical.

    É inegável como a vitória de Trump dá fôlego e discurso ao campo bolsonarista. Mas, na prática, uma reversão de rumos no Brasil depende da Justiça brasileira e da avaliação popular sobre o atual governo.

    “Se a lei da ficha limpa fosse efetiva, Lula jamais voltaria a ser presidente. Aqui no Brasil não importa a lei, importa quem são as pessoas. Jair Bolsonaro é criminoso por se encontrar com embaixadores? Criminoso por subir em um caminhão de som no 7 de setembro e dar discurso? Então, para algumas pessoas, é criminoso até se passar perto de uma baleia no mar”, afirmou Eduardo Bolsonaro.

    Já a deputada do PSB avaliou que o voto em Trump traduziu, mais do que apoio a ele, um descontentamento da população sobre as entregas do governo Biden, no qual Kamala Harris é vice. Para a parlamentar, a vitória trumpista eleva o desafio para que a centro-direita e a esquerda falem o que a população quer ouvir e se apresentarem como melhor opção de futuro.

    “A gente vê inúmeras lideranças mais extremistas de direita mundo afora que têm uma narrativa, um discurso, que encaixa porque uma parcela da centro-direita e da esquerda como um todo não está conseguindo falar com esse eleitor. Mas quando esses líderes, muitos deles autoritários, chegam ao poder, eles não conseguem entregar. Não conseguem fazer diferente. A gente viu aqui no Brasil. Bolsonaro se elegeu com discurso antisistema, não conseguiu melhorar a vida das pessoas, e não foi reeleito”, disse Tabata.

    “Isso já começa a vir para o Brasil, a afetar o imaginário brasileiro, nesse mundo globalizado que a gente vive. Porque se em 2016, Donald Trump foi eleito em circunstâncias improváveis, tal qual aconteceu com Bolsonaro em 2018, e também os dois acabaram não sendo reeleitos reclamando de suspeitas de um processo eleitoral duvidoso, agora Trump retornou à presidência. Então, por que não também Bolsonaro não pode ter a chance de fazê-lo?”, questionou Eduardo.

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