O Ministério de Direitos Humanos acionou a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo para que a morte do senegalês Serigne Mbaye, na semana passada, durante uma operação da polícia militar do estado, seja “meticulosamente investigada”. A pasta trata a morte como suspeita.

Por meio da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, o ministro Silvio Almeida encaminhou denúncia ao Ministério Público de São Paulo (MPSP), ao 2º Distrito Policial – Bom Retiro, à Secretária de Segurança Pública do Estado de São Paulo, à Ouvidoria das Polícias do Estado de São Paulo e ao Comitê Nacional para os Refugiados (Conare).

Mbaye tinha 36 anos. Ele foi encontrado morto após cair de prédio durante ação da PM no centro de São Paulo, no dia 23 de abril.

Na ocasião, a PM informou que os agentes faziam um patrulhamento na região quando constataram que era realizado comércio de celulares roubados em um prédio. Ao entrarem no local, os policiais teriam flagrado um homem com diversos celulares, que tentou fugir, mas foi preso. No mesmo andar, um segundo homem, segundo a polícia,  tentou fugir pulando pela marquise do prédio. O resgate teria sido acionado, mas ele não resistiu.

O Ministério de Direitos Humanos, porém, destaca que “conforme amplamente divulgado pela mídia, a ação policial ocorreu no início da noite, sem mandado judicial de busca e apreensão, suscitando questionamentos por parte dos moradores e resultando em uma resposta violenta por parte dos agentes, que empregaram gás lacrimogêneo e balas de borracha contra os residentes”.

A PM de São Paulo disse, na época, que os policiais foram hostilizados e que foi necessária “intervenção para conter os populares”.

Com base em relatos feitos à imprensa, o governo federal destaca que um morador do local contou ter ouvido gritos de socorro por volta das 19h. Outros moradores teriam afirmado terem ouvido o som de um corpo caindo ao chão, seguido por comentários dos policiais militares, tais como “o lixo caiu” e “o lixo foi jogado”.

“Diante do exposto, solicita-se uma investigação sobre a ação policial que resultou na morte do Senhor Mbaye. Além disso, requer-se a apuração dos procedimentos adotados pelos oficiais ao entrarem no edifício sem autorização judicial, em flagrante desrespeito à Constituição Federal, bem como das violências infligidas aos residentes, que foram alvo de gás lacrimogêneo e balas de borracha”, afirma na denúncia.

A CNN aguarda resposta da PM paulista sobre a denúncia do governo federal.