O secretário-geral da ONU, António Guterres, culpou os bilionários e os países mais ricos pelas mudanças climáticas durante um forte discurso na COP29, em Baku, no Azerbaijão.

Falando na cerimônia de abertura das discussões entre chefes de Estado da COP, Guterres afirmou que as catástrofes causadas por eventos climáticos extremos são parte de “uma história de injustiça evitável”.

“Os ricos causam o problema, os pobres pagam o preço mais alto. A [ONG] Oxfam descobriu que os bilionários mais ricos emitem mais carbono em uma hora e meia do que uma pessoa média em uma vida inteira”, disse ele.

O chefe da ONU deu um claro recado ao dizer que o mundo está “na contagem regressiva final para limitar o aumento da temperatura global a 1,5 graus Celsius”.

“E o tempo não está do nosso lado”, alertou, apelando para que os países presentes cheguem ainda nesta COP a acordos envolvendo o financiamento de ações robustas contra as mudanças climáticas.

“A COP29 deve derrubar os muros do financiamento climático. Os países em desenvolvimento não devem deixar Baku de mãos vazias. Um acordo é essencial”, afirmou.

Guterres pediu ainda aos líderes presentes que façam muito mais para “proteger seus povos dos estragos da crise climática”.

“Os mais vulneráveis ​​estão sendo abandonados aos extremos climáticos”, disse.

O secretário-geral da ONU também afirmou claramente que os países mais ricos do mundo precisam assumir a sua responsabilidade na luta contra o aquecimento global.

“Todos os países devem fazer a sua parte, mas o G20 deve liderar. Eles são os maiores emissores, com as maiores capacidades e responsabilidades. Eles devem reunir seu conhecimento tecnológico, com os países desenvolvidos apoiando economias emergentes”, argumentou.

Guterres estará presente também, na semana que vem, na reunião dos chefes de Estado do G20, que vai acontecer no Rio de Janeiro.

Na Presidência do grupo das maiores economias do mundo, o Brasil vem tentando promover um debate justamente sobre o combate às mudanças climáticas. Assim como Guterres, o governo brasileiro também defende que os países mais ricos contribuam mais com soluções para o problema.