Putin quer usar cúpula dos Brics para reduzir isolamento da Rússia
Líderes de pelo menos 24 países confirmaram presença no maior encontro da história do grupo, que vai acontecer na cidade de Kazan na semana que vem
O presidente Vladimir Putin quer usar a reunião de cúpula dos Brics para reduzir o isolamento da Rússia no tabuleiro geopolítico internacional.
Além dos líderes dos países membros do grupo, Putin convidou os chefes de Estado de outras 32 nações da Ásia, África e América Latina para participar do encontro.
O assessor especial para Relações Internacionais do Kremlin, Yuri Ushalov, disse que pelo menos 24 líderes mundiais estarão presentes, fazendo desta a maior reunião de cúpula dos Brics desde sua criação, em 2009.
Os chefes de Estado dos novos membros do bloco (Irã, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Egito) participarão da cúpula pela primeira vez.
A Arábia Saudita, que foi convidada a entrar nos Brics no ano passado, ainda não confirmou sua adesão. E o líder do país, o príncipe Mohammed bin Salman, não estará presente, esnobando o encontro.
Os sauditas sofrem pressão dos Estados Unidos para não aderir ao grupo, visto por muitos governos como um instrumento antiocidental que teria o objetivo de alavancar as prioridades da Rússia e especialmente da China no cenário internacional.
Por outro lado, muitas autocracias que também querem diminuir seu isolamento global confirmaram presença na reunião. Entre elas estão Cuba e Belarus. Até o Talibã pediu para participar, representando o Afeganistão.
Isolamento da Rússia
A intenção do Kremlin ao convidar tantos líderes é demonstrar ao ocidente que ainda tem força e apoio no chamado Sul Global, que reúne os países em desenvolvimento.
Além disso, Putin pretende dar um recado de que as sanções adotadas contra a Rússia desde a invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022, não tiveram todos os efeitos desejados.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que representará o Brasil no encontro, é o único chefe de Estado que estava presente também na primeira cúpula do grupo, em Ecaterimburgo, na própria Rússia, em 2009.
Putin também estava lá, mas como primeiro-ministro do país – embora seja ele quem, de fato, dê as cartas na política russa desde o fim de 1999.
Duas das mais importantes pautas desta cúpula estão diretamente relacionadas ao combate ao isolamento russo.
A primeira diz respeito à criação de um sistema de transações financeiras internacionais independente do ocidente e nas moedas locais. A ideia aqui seria criar uma forma de impedir que o ocidente imponha unilateralmente sanções econômicas a países rivais.
A segunda pauta trata justamente da expansão do grupo, trazendo ainda mais aliados do Sul Global para os Brics.
Neste segundo ponto, o Brasil insiste para que critérios específicos sejam estabelecidos para a adesão de novos membros.
Entre esses critérios, está a defesa de uma reforma profunda do sistema de governança global, especialmente do Conselho de Segurança da ONU.