Governo quer criar “pacto nacional” pela COP30
Ideia é promover debates ao longo do ano para diminuir divergências entre setores da economia e da sociedade civil que poderiam dificultar as negociações para acordos em Belém
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O governo pretende criar uma espécie de “pacto nacional” pelo sucesso da COP30, que vai acontecer em Belém, no Pará, no final de 2025.
A intenção é fazer com que os vários setores da economia e da sociedade cheguem ao evento com expectativas minimamente alinhadas sobre o que esperar dos acordos que poderão ser fechados na cúpula mundial do clima.
Esse alinhamento mínimo é necessário porque existe um sério risco de o país se dividir em algumas questões complexas, o que levaria a um bate-boca interno que teria o potencial de prejudicar o sucesso da cúpula – a primeira realizada numa cidade da Amazônia.
Para evitar isso, o governo quer realizar debates nacionais envolvendo alguns setores específicos da economia, estimulando que disso saia um pacto para defender o sucesso do evento.
O embaixador André Corrêa do Lago, secretário do Clima, Energia e Meio Ambiente do Itamaraty e negociador-chefe do Brasil nas últimas COPs, é um dos defensores dessa medida.
“Eu acredito, como muitas outras pessoas, que nós temos que chegar unidos na COP. Tem vários temas relacionados às mudanças do clima que estão dividindo muito as pessoas do Brasil. Então, eu acho que a melhor solução é o debate, a informação, para que, uma vez bem informados, pelo menos a gente possa chegar com o mesmo nível de informação e tão unidos quanto possível em Belém”, disse ele, em entrevista exclusiva à CNN.
Corrêa do Lago será figura central na COP30, já que ele foi o principal negociador do Brasil nas últimas duas cúpulas do clima, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos (em 2023) e em Baku, no Azerbaijão.
Os debates deverão ser facilitados por organizações ou empresas dos setores mais impactados pelas possíveis decisões da COP. Entre eles, estão a agricultura, os transportes, a pecuária e a exploração de petróleo.
A CNN apurou que o primeiro desses debates deve acontecer já no início do ano, em data ainda a ser confirmada, e será sobre transportes.
Empresas da área e as várias federações dos diferentes modais de transporte já estão se mobilizando para as discussões – que deverão centrar em soluções para diminuir as emissões dos gases de efeito estufa pelo setor.