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    Américo Martins
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    Américo Martins

    Especialista em jornalismo internacional e fascinado pelo mundo desde sempre, foi diretor da BBC de Londres e VP de Conteúdo da CNN; já visitou mais de 70 países

    Exílio de rival de Maduro é um duro revés para a oposição na Venezuela

    Ameaçado de prisão sem ter cometido nenhum crime, Edmundo González pediu refúgio à Espanha diante do aumento do autoritarismo do regime venezuelano

    A decisão de Edmundo González de pedir asilo à Espanha é um duro revés para a oposição na Venezuela.

    Ameaçado de prisão pelo regime de Nicolás Maduro, mesmo sem ter cometido crime algum, o candidato à Presidência pela oposição pediu refúgio à Espanha no último final de semana.

    A medida é compreensível e foi necessária para manter a integridade física de González diante da escalada cada vez mais autoritária do governo.

    Mas a sua ausência tende a enfraquecer o movimento oposicionista e suas demandas por vários motivos.

    Em primeiro lugar, ele passou a ser o símbolo da suposta derrota de Maduro, mesmo sem ser o líder da oposição – posto ocupado há tempos por María Corina Machado.

    Na realidade, González só foi alçado à condição de principal candidato presidencial da oposição depois que o regime impediu o registro da candidatura de Corina Machado e de sua substituta, a professora Corina Yoris.

    Mesmo assim, foi o nome dele que apareceu nas urnas. E apenas ele poderia assumir o cargo, numa eventual negociação de transição no país.

    Além disso, Maduro vai entender o seu exílio como uma rachadura na frente de oposição. Com isso, deverá manter a repressão, imaginando que outros nomes poderão também abandonar o país.

    É muito provável que o presidente venezuelano também tente usar isso publicamente, pintando González como um fraco, que fugiu do país ao invés de resistir – como havia prometido. Isso poderia afetar o ímpeto da oposição em continuar resistindo.

    Por fim, seu exílio pode simplesmente motivar mais venezuelanos a desistir do país e tentar migrar para outros lugares – o que diminuiria, por exemplo, os protestos contra o governo.

    María Corina Machado promete continuar lutando e resistindo, junto com vários outros nomes da oposição. Mas essa resistência fica mais difícil sem a presença do nome que todos eles garantem ter vencido a disputa eleitoral.

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