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    Américo Martins
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    Américo Martins

    Especialista em jornalismo internacional e fascinado pelo mundo desde sempre, foi diretor da BBC de Londres e VP de Conteúdo da CNN; já visitou 68 países

    Análise: ineditismos marcam debate incendiário para a política dos EUA

    Em meio à polarização acirradíssima, encontro entre os candidatos terá vários elementos inéditos

    O debate sem precedentes desta noite entre os candidatos Joe Biden e Donald Trump certamente vai colocar fogo na disputa política pela Presidência dos Estados Unidos.

    Praticamente todos os elementos desse encontro são inéditos, a começar pela polarização mais acirrada da história recente do país.

    Os dois candidatos deixam claro que se odeiam, dizem que uma possível vitória do rival vai destruir os Estados Unidos e mobilizam suas bases eleitorais com permanentes ataques contra as ideias do bloco adversário.

    Trump adota um tom retórico mais radical e tem contra ele as acusações de ter instigado os ataques contra a democracia americana através da turba que invadiu o Capitólio, o Congresso americano, no dia 6 de janeiro de 2020.

    Mas Biden também não poupa o ex-presidente de ataques pessoais e aposta todas as fichas de uma possível vitória no descrédito total do oponente.

    Os dois, cada qual à sua maneira, queimam pontes e distanciam seus apoiadores de qualquer possível consenso ou posição mais central.

    Elementos inéditos

    Este será o primeiro debate da história entre um atual mandatário e um ex-presidente, que pretende retornar à Casa Branca depois de ter perdido diretamente para o rival no poder de turno.

    No mundo ideal, isso daria uma excelente oportunidade para os dois demonstrarem através da experiência e dos seus feitos porque merecem os votos dos eleitores americanos.

    Na vida real, é muito provável que eles resolvam focar em baixarias e ataques, tentando usar as partes do debate em que julgam ter ido bem para “lacrar” nas redes sociais e mostrar como teriam derrotado o rival.

    Também sem precedentes são as recentes condenações criminais que afetam os dois lados –e que muito provavelmente serão exploradas no debate.

    Trump é o primeiro ex-presidente da história dos Estados Unidos a ter sido condenado criminalmente por fraudes fiscais envolvendo o pagamento de um suborno US$ 130 mil a Stormy Daniels, uma atriz de filmes adultos, com quem ele teria se envolvido em 2006, para que ela não falasse sobre o suposto caso dos dois.

    Biden também terá que explicar sua posição, como o primeiro presidente no cargo a ter um filho condenado criminalmente.

    No início de junho, Hunter Biden foi considerado culpado de três acusações federais de posse ilegal de arma, com o juiz concluindo que ele violou leis destinadas a impedir que viciados em drogas possuíssem armas de fogo. Hunter admitiu ter sido viciado em crack e cocaína.

    Tanto Hunter Biden como Trump aguardam suas sentenças.

    Um terceiro elemento de ineditismo: a idade elevada dos candidatos.

    Biden tem 81 anos e Trump, 78. Quem vencer entrará para a história como o presidente mais velho a ser empossado no país –título que, por enquanto, pertence a Biden.

    E os dois, como não poderia deixar de ser, também exploram esse fato para atacar o outro – com Biden dando sinais de esquecimento em vários momentos e Trump trocando nomes também com alguma frequência.

    Por fim, o debate não terá público no estúdio, ao contrário da tradição recente, e será o primeiro a ser realizado com tanto tempo de antecedência em relação ao dia da votação.

    Os partidos Democrata e Republicano sequer fizeram suas convenções sacramentando oficialmente os nomes de Biden e Trump, respectivamente.

    Todos esses elementos certamente serão usados no debate e ao longo dessa campanha – que promete ser a mais pesada das últimas gerações.