Destino de Lula, Vietnã anuncia medidas para evitar tarifaço de Trump
País do sudeste asiático teve superávit comercial de mais de US$ 123 bilhões com os Estados Unidos em 2024 e buscar saídas diferentes do Brasil para tenta evitar retaliações do presidente americano
O Vietnã, segundo destino do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu giro pela Ásia, anunciou esta semana uma série de medidas para tentar evitar a imposição de tarifas comerciais contra as suas exportações pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
O país teve um enorme superávit comercial com os Estados Unidos em 2024, com mais de US$ 123 bilhões – atrás apenas de China e México, países que já estão sofrendo com as tarifas.
Para se ter uma ideia da importância desse número, basta lembrar que todo o comércio bilateral entre o Brasil e o país asiático ficou em US$ 7.7 bilhões no ano passado.
Com tamanho superávit, o Vietnã está no alto da lista de nações ameaçadas pelo tarifaço.
Os temas do livre comércio e da defesa do multilateralismo, que preocupam os dois governos, estiveram entre os principais tópicos das conversas entre Lula e as autoridades vietnamitas nesta sexta-feira (28).
Mas as reações de cada lado são completamente diferentes. Lula voltou a dizer que vai reclamar na Organização Mundial do Comércio (OMC) caso o Brasil seja alvo de tarifas – ou vai retaliar no mesmo tom.
Hanói, no entanto, sentindo o temor real de perder mercado na principal economia do mundo, decidiu apostar nas negociações.
O governo do país socialista decidiu então se antecipar e enviou importantes delegações a Washington para tentar uma saída negociada.
Depois dessas conversas, o governo anunciou que o Vietnã cortará suas tarifas sobre vários produtos dos EUA, incluindo gás e carros.
Além disso, apesar de controlar o acesso da população à internet, Hanói também disse que vai aprovar a entrada dos serviços da Starlink, a empresa de Elon Musk.
Entre outras coisas, o Vietnã se comprometeu em comprar mais gás dos americanos, com uma tarifa reduzida de 5% para 2%. As tarifas para importação de carros também vão cair pela metade: de 64% para 32%.
O Ministério das Finanças também anunciou uma redução de 10% para 5% na importação de etanol. Esta medida, em particular, pode atrapalhar os planos do Brasil de ampliar as exportações do produto pelo mundo.