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    Américo Martins
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    Américo Martins

    Especialista em jornalismo internacional e fascinado pelo mundo desde sempre, foi diretor da BBC de Londres e VP de Conteúdo da CNN; já visitou mais de 70 países

    Brasil vai aumentar em 433% contribuição para agência da ONU de ajuda a palestinos

    Presidente Lula prometeu há mais de dois meses, no Cairo, que iria elevar os valores dos recursos doados para a UNRWA; total vai subir de US$ 75 mil para US$ 400 mil

    O governo brasileiro vai aumentar em 433% a contribuição financeira do país para a Agência das Nações Unidas para os Refugiados da Palestina (UNRWA, na sigla em inglês).

    O Brasil doou para a agência US$ 75 mil (cerca de R$ 385 mil em valores atuais) tanto em 2022 como em 2023.

    Este blog apurou que o valor passará este ano para USD 400 mil (mais de R$ 2 milhões), a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

    Lula prometeu que iria ampliar a ajuda aos palestinos durante uma visita à cidade do Cairo, capital do Egito, em meados de fevereiro.

    Na ocasião, em discurso na sede da Liga Árabe, o presidente afirmou que “o governo brasileiro fará novo aporte de recursos para a UNRWA. Exortamos todos os países a manter e reforçar suas contribuições”.

    As declarações foram recebidas com fortes aplausos dos embaixadores árabes presentes ao evento.

    O novo valor, no entanto, ainda não foi desembolsado. O processo continua tramitando dentro da burocracia do governo federal, sem um prazo definido para o pagamento.

    Uma fonte do governo brasileiro lembrou a este blog que o gesto de solidariedade aos palestinos é muito simbólico, mas que não resolverá, obviamente, os problemas da agência.

    Isso porque muito mais dinheiro, de vários países, ainda precisa chegar à entidade. “Mas nossas verbas (do Brasil) são limitadas”, disse a fonte.

    Polêmica levou a corte de doações

    A agência é responsável, desde 1949, pela maior parte da ajuda destinada aos refugiados palestinos não apenas na Faixa de Gaza, mas também na Cisjordânia, Líbano, Síria e Jordânia.

    Isso inclui a manutenção de centenas de escolas, dezenas de hospitais e a distribuição de comida e ajuda humanitária.

    A agência, no entanto, se viu cercada por uma polêmica que levou vários países ocidentais a cortar suas contribuições – o que fez com que a UNRWA tenha, neste momento, recursos para continuar operando apenas até junho deste ano.

    Caminhão da UNRWA na fronteira de Rafah entre Egito e Gaza / 30/11/2023 REUTERS/Mohamed Abd El Ghany

    A polêmica começou logo depois do início da guerra na Faixa de Gaza, quando Israel afirmou que funcionários da agência teriam ajudado o Hamas nas atrocidades cometidas no dia 7 de outubro do ano passado.

    A agência abriu uma investigação e afastou pelo menos 12 funcionários – dos seus mais de 30 mil colaboradores.

    Alguns países voltaram a enviar ajuda depois das investigações internas da agência e das punições aplicadas a alguns acusados de ajudar o Hamas.

    É o caso dos governos da Austrália, Canadá, Finlândia, Alemanha, Islândia, Japão e Suécia, que levantaram as respectivas suspensões de financiamento.

    Os Estados Unidos, maior contribuidor individual da agência, no entanto, não retomou os aportes.

    Pelo contrário, o país aprovou uma lei junto com a ajuda militar para Israel vetando o envio de novos recursos para a UNRWA – o que põe em risco a distribuição de ajuda humanitária aos palestinos num dos momentos mais agudos na Faixa de Gaza.