Brasil quer definir termos da Aliança Global Contra a Fome no G20 esta semana
Proposta pelo presidente Lula, criação da aliança é a principal meta do governo brasileiro na presidência do grupo das 20 maiores economias do mundo


O governo brasileiro espera que os negociadores do G20 cheguem a um acordo esta semana sobre os termos técnicos para o lançamento da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza.
Proposta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a criação da aliança é o principal objetivo do Brasil na presidência rotativa do grupo das 20 maiores economias do mundo.
O ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Wellington Dias, vai presidir a terceira reunião da força tarefa do G20 que discute como a iniciativa será implementada. O encontro acontece entre os dias 21 e 24 de maio, em Teresina, no Piauí.
Em entrevista exclusiva a este blog, o ministro disse que está otimista com a evolução das negociações com os outros países e também com organismos internacionais que farão parte da aliança.
Segundo ele, muitos avanços foram registrados nas reuniões anteriores e as chances são muito grandes de todos concordarem com os termos técnicos no encontro desta semana.
“Teresina pode ser o palco para a celebração do entendimento dos termos técnicos para a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza”, disse o também ex-governador do Piauí.
A aliança será formada no âmbito do G20, mas terá vida própria, sem depender necessariamente do grupo para continuar funcionando.
Wellington Dias afirma que países ricos, fundações e a iniciativa privada ajudarão com o financiamento da iniciativa e também com apoio técnico e logístico para as nações que enfrentam situação de precariedade alimentar e queiram entrar na aliança. Outros países, como o Brasil, podem ajudar também com conhecimento técnico e parcerias, por exemplo, na área da agricultura.
Segundo Dias, muitos recursos já existem para enfrentar o problema, especialmente através de organismos internacionais que já atuam na área, como a Organização para Alimentação e Agricultura da ONU (a FAO, na sigla em inglês) e o Banco Mundial.
O ministro disse que, em princípio, todos os países do G20 concordaram com a iniciativa e que as divergências entre nações rivais no bloco não estão afetando as negociações relacionadas à aliança.
“Eu destaco que cresceu muito o caminho para o entendimento. É importante realçar que mesmo com muitas disputas (entre os países do G20) por conta de contenciosos do passado, os países comparecem às discussões (sobre a aliança) com uma posição muito equilibrada, muito serena na perspectiva de aprovar realmente aquilo que possa dar resultado”, disse ele.
Dias reconhece, no entanto, que uma proposta do Brasil para o funcionamento da aliança ainda causa divergências: a ideia de que as dívidas dos países mais pobres sejam trocadas por investimentos em infraestrutura nessas mesmas nações.
“O ponto onde ainda não temos uma definição é como vamos lidar com essa situação do endividamento. Como isso envolve capital de países e fundos privados, ainda precisamos de um bom diálogo”, disse ele.
Depois do encontro em Teresina, a proposta da criação da aliança e seus termos técnicos serão encaminhados para uma reunião mais ampla com representantes dos ministérios das Finanças, Desenvolvimento Social e Relações Exteriores de todos os países do G20, que vai acontecer no Rio de Janeiro, no dia 24 de julho.
Espera-se que o presidente Lula participe também do encontro do Rio, que deve dar os contornos finais à aliança.
A proposta, então, estaria pronta para ser levada à aprovação dos chefes de Estado do grupo, na cúpula de novembro, também no Rio de Janeiro.
Além da criação da Aliança Contra a Fome e Pobreza, o Brasil também tem como prioridades para as discussões do G20 a adoção de medidas de proteção ao meio ambiente e combate às mudanças climáticas, e também a reforma do sistema de governança global.
As duas outras metas são muito mais difíceis de serem implementadas.