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    Américo Martins
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    Américo Martins

    Especialista em jornalismo internacional e fascinado pelo mundo desde sempre, foi diretor da BBC de Londres e VP de Conteúdo da CNN; já visitou mais de 70 países

    CNN Brasil Money

    Tarifas dos EUA devem se acomodar com acordos, diz presidente da Vale à CNN

    Em entrevista exclusiva, executivo falou sobre descarbonização e oportunidades para a mineradora

    O presidente da Vale, Gustavo Pimenta, falou sobre a política tarifária adotada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Em entrevista exclusiva à CNN, o executivo disse esperar que os conflitos se acomodem através de acordos comerciais.

    Apesar de as tarifas dos EUA não afetarem a Vale, o presidente da companhia reforçou que uma guerra comercial pode impactar o Produto Interno Bruto (PIB) dos países, além de gerar instabilidades globais.

    Pimenta comentou ainda sobre descarbonização. O executivo destacou a importância dos minerais críticos – lítio, cobalto, níquel, grafite e cobre, por exemplo – para a transição energética.

    “Não existe descarbonização, não existe transição energética sem os minerais críticos. […] Falamos muito de inteligência artificial, de painéis solares, de torres eólicas, e tudo isso precisa de minerais críticos, metais de alta qualidade. A Vale é um grande potencial ofertante nesse mercado”, disse.

    Veja a entrevista na íntegra:

    Qual é a importância de um evento deste, com o primeiro-ministro do Japão e com o presidente Lula, para uma empresa como a Vale, nesse setor de mineração?

    É muito importante. A gente tem uma relação com o Japão de longa data. Esse ano estaremos comemorando 70 anos, desde que o primeiro navio de minério de ferro saiu do porto de Tubarão (ES) até o Japão.

    Temos uma relação muito próxima com os clientes japoneses. E essa relação, ao longo dos anos evoluiu de ser apenas um fornecedor de minério de ferro para uma parceria muito mais estratégica, discutindo temas como descarbonização. Então, criar esse ambiente favorável de negócios é muito positivo.

    Essa reunião me chamou muito a atenção, tanto o primeiro-ministro quanto o presidente e vários outros empresários falaram sobre a necessidade do combate às mudanças climáticas. A mineração tem um papel importante nisso. Quais são as oportunidades para a Vale?

    São muito importantes. Tenho dito que não existe descarbonização, não existe transição energética sem os minerais críticos.

    A Vale tem o minério de ferro de mais alto teor do mundo, mas também os minerais críticos, cobre, níquel e uma série de outros minerais que são fundamentais para a transição energética. Falamos muito de inteligência artificial, de painéis solares, de torres eólicas, e tudo isso precisa de minerais críticos, metais de alta qualidade. A Vale é um grande potencial ofertante nesse mercado.

    O Brasil talvez seja uma potência minerária, talvez a maior do mundo, e a gente tem uma oportunidade de participar nessa jornada de descarbonização da indústria.

    Estamos vendo, do ponto de vista global, uma disputa muito grande por terras raras e minerais raros, justamente por causa dessa transição, com implicações geopolíticas. O presidente americano falou da Groenlândia, há disputa na Ucrânia. Que oportunidades e que desafios essa disputa representa em particular para a Vale?

    Isso só valoriza o que temos no Brasil. Temos um potencial minerário único e vemos, em todos os mercados que visitamos hoje, que esse é o tópico.

    Talvez seja a principal agenda do mundo. Todos os líderes estão muito preocupados em relação ao acesso a minerais esses críticos.

    Tenho dito que os minerais críticos são o combustível desse próximo século, o petróleo desse próximo século. Quando pensamos no mundo em descarbonização e eletrificação, tudo isso passa pelos minerais críticos. Por isso os estados e os países estão tão interessados nessa temática.

    Por outro lado, temos um desafio também relacionado à geopolítica, que é a iminência de uma guerra comercial com as tarifas dos Estados Unidos e as respostas de outros países, afetando vários mercados, inclusive o aço no Brasil, que não afeta diretamente a Vale, mas impacta o setor. Como o senhor vê esse desafio? Qual a melhor forma de enfrentá-lo?

    Obviamente que uma guerra tarifária não é positiva. Isso gera um resfriamento do PIB potencial do mundo e tem um impacto em todas as cadeias, inclusive no nosso negócio, o negócio de commodities.

    A nossa expectativa é que essas questões vão se acomodar, porque no final a demanda está dada. Se realmente entrarmos nessa rota de guerra tarifária, o impacto final não será cliente, gerando inflação e, consequentemente, uma série de instabilidades globais.

    Nossa expectativa e esperança é que se acomode via acordos comerciais, para que possamos voltar à normalidade.

    Então o senhor acha que é mais retórico neste momento? É uma questão de abrir uma negociação de forma mais forte no início para depois se acomodar em um patamar diferente?

    Acho que é uma tática de negociação que tem sido usada, mas, no final, se caminharmos para um ambiente inflacionário, isso terá repercussões para os diversos governos. Nossa expectativa é que isso se acomode via acordos comerciais.

    O senhor vem da China, onde vimos uma queda econômica e muitas dúvidas. O que o senhor viu lá? O que está sendo indicado? Parece que houve uma certa mudança, é isso?

    A China vem passando por um processo de redução de sua atividade econômica, mas ainda cresce muito. O crescimento do ano passado foi de 5%, e este ano a meta é de 5%. Saí otimista da China.

    Eu estive lá em novembro e percebi um ambiente um pouco mais incerto, mas acho que as medidas que o governo chinês vem tomando para ativar a economia estão gerando resultados na ponta. Então, saio otimista não só com a perspectiva de retomada da atividade econômica, mas principalmente pela manutenção da agenda de descarbonização, que para a Vale é muito importante.

    Tanto aqui no Japão quanto na China, ouvimos que essa agenda de descarbonização é prioridade do país, e isso é muito relevante para o nosso negócio.

    Uma questão um pouco mais local. A Agência Nacional de Mineração vai fazer um leilão de praticamente 7 mil áreas de mineração. Qual é a importância disso? Quais são as oportunidades para a Vale?

    Temos uma série de corpos minerais no Brasil que vem se desenvolvendo ao longo dos anos. Nosso grande objetivo agora é poder retomar essa agenda de crescimento dentro da companhia.

    Anunciamos há aproximadamente um mês o projeto Novo Carajás, onde vislumbramos a possibilidade de investir R$ 70 bilhões na região de Carajás, retomando o crescimento tanto no minério de ferro quanto no cobre.

    Crescer nosso potencial e nossa oferta de produtos de alto teor, voltados para a transição energética, dentro de uma agenda ambientalmente e socialmente responsável, é muito estratégico para as pessoas. Certamente, vamos seguir engajados nessa pauta.

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