Toyota supera GM em vendas de automóveis nos EUA
Especialistas não sabem se a empresa conseguirá se manter na liderança pelos próximos anos
Toyota é líder em vendas de automóveis nos Estados Unidos pela primeira vez, tirando um título que a General Motors detinha por quase um século.
É mais um sinal de que as montadoras americanas perderam o domínio em seu mercado doméstico.
Ainda em 2005, a Toyota ocupava o quarto lugar em vendas nos Estados Unidos, com GM, Ford e o que era então conhecido como DaimlerChrysler na frente, com 57% das vendas nos Estados Unidos. Mas em 2021, GM, Ford e Stellantis – a montadora europeia dona da Chrysler – tinham apenas 38% do mercado americano entre elas nos primeiros nove meses do ano. Mesmo adicionando Tesla, as montadoras americanas chegam a pouco mais de 40% das vendas.
Tanto a Toyota quanto a GM divulgaram as vendas de fim de ano na terça-feira. A GM registrou vendas anuais de 2,2 milhões de veículos nos EUA, o que a deixou 114.000 veículos, ou 5% atrás da Toyota (TM).
A GM ficou ligeiramente atrás da Toyota nas vendas do segundo trimestre e muito atrás no terceiro. As vendas da Toyota no quarto trimestre caíram 30% em comparação com os últimos três meses de 2020, mas as vendas da GM caíram 43%, permitindo à Toyota aumentar sua liderança.
A escassez de chips de computador que limitava a produção e o abastecimento de veículos foi a responsável pela queda nas vendas no final do ano. As vendas da indústria nos EUA devem cair 24% no trimestre, de acordo com a Cox Automotive. A maioria das montadoras informará as vendas nos Estados Unidos na terça-feira (4), diferente da Ford que vai relatar suas vendas na quarta-feira (5).
Se a Toyota será capaz de manter a liderança de vendas nos Estados Unidos nos próximos anos, é incerto, de acordo com especialistas.
“Eu não esperaria que a Toyota necessariamente mantivesse essa liderança”, disse Jessica Caldwell, diretora executiva de insights da indústria da Edmunds. “Não é como se a GM estivesse fazendo algo mágico todos esses anos. Eles apenas têm mais canais para vender e mais marcas.”
A GM sugeriu que espera estar de volta à liderança em breve.
“A escassez de semicondutores, entre outras coisas, criou um conjunto de circunstâncias sem precedentes em 2021″, disse a empresa. “Mesmo assim, a GM estendeu sua liderança em picapes de grande porte e SUVs. E 2022 começa com uma cadeia de suprimentos melhorando gradualmente, e isso deve levar ao crescimento em 2022 à medida que lançamos vários veículos novos – incluindo VEs e picapes reprojetadas.”
Escassez de chips
A escassez de chips de computador levou as duas montadoras a desacelerar ou interromper temporariamente a produção em muitas fábricas. Isso cortou o estoque das concessionárias e levou os preços dos carros a níveis recordes.
Um fornecimento contínuo e restrito de chips em 2022 poderia forçar ambas as montadoras, e a maior parte do restante da indústria, a construir menos veículos do que o necessário para atender à demanda. “Os chips ainda são o coringa para este ano”, disse Michelle Krebs, analista sênior da Cox Automotive.
Krebs disse que parte da vantagem de vendas da GM nos anos anteriores foi que ela vendeu mais de seus carros em vendas de frotas para empresas, como locadoras de veículos, normalmente por menos do que o preço de varejo pago pelos consumidores. Mas, com uma oferta limitada de carros, as vendas de frotas praticamente desapareceram este ano, disse ela.
A corrida de cavalos
A corrida de cavalos entre as montadoras é algo que chama a atenção do setor, mas não muito dos compradores de automóveis, disse Krebs.
“Eu não posso dizer quantos compradores nem sabem que o Chevy faz parte da GM ou o Lexus faz parte da Toyota”, disse ela.
A Toyota tirou a liderança global em vendas de automóveis da GM em 2007, e por alguns anos as duas foram e voltaram na liderança de vendas globais com a Toyota ultrapassando a GM mais recentemente em 2012. Agora a corrida pelas vendas globais está entre a Toyota e Volkswagen.
Mas a GM, que tirou o título de maior vendas da Ford em 1927, foi capaz de manter sua liderança nas vendas nos Estados Unidos durante outros períodos difíceis. Isso inclui 2019, quando membros do sindicato United Auto Workers fecharam a GM com uma greve de quase seis semanas, e 2009, quando a GM foi forçada a pedir concordata – fechando temporária ou permanentemente muitas fábricas nos Estados Unidos, descontinuando suas marcas mais fracas e perdendo mais de 1.000 concessionárias.
As perspectivas para a GM parecem melhores do que as atuais, disse Caldwell. Ela está apostando alto em um futuro totalmente elétrico e a Toyota está tentando recuperar o atraso com seus próprios planos de EV.
“Se EVs e veículos autônomos são o futuro, a GM está se preparando muito bem”, disse ela.
A Toyota, que fabrica 70% dos carros e caminhões que vende nos Estados Unidos em cinco fábricas nos EUA, emitiu um comunicado dizendo que é “grata aos nossos clientes fiéis por colocarem sua segurança e confiança nos veículos Toyota e Lexus”. Ela disse que sua classificação de vendas nunca foi um foco ou prioridade.
“O foco da empresa sempre foi – e continuará sendo – em ser a melhor marca em termos de segurança e qualidade na mente dos clientes”, disse Toyota.