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    Safety car da Mercedes usa tecnologia de carro autônomo na F1

    AMG GT Black Series não ganhou potência, mas tem radar para enxergar obstáculos de longe

    Mercedes-AMG GT traz inovação tecnológica à F1
    Mercedes-AMG GT traz inovação tecnológica à F1 Mercedes-AMG GT Black Series safety-car da F1

    Eugênio Augusto Britocolaboração para a CNN

    Em uso desde 2021, o Mercedes-AMG GT Black Series tem uma novidade curiosa para mais uma temporada como safety car da Fórmula 1 em 2024: um sensor do tipo Lidar, tecnologia usada em carros (semi-)autônomos.

    Diferentemente do que fez a Aston Martin, a Mercedes-Benz não fala em troca de versão, nem mesmo em ter potência maior no safety car desta temporada. Mas conta com o sensor desenvolvido pela empresa norte-americana Luminar e instalado no teto do carro de serviço da F1.

    O dispositivo parece uma dessas câmeras em forma de barra que muitas pessoas têm em casa para observar os seus gatos. Apresentado na CES (uma das maiores feiras de tecnologia do mundo), em janeiro, é desenvolvido em parceria não apenas com a Mercedes, mas também com a sueca Volvo e a japonesa Nissan.

    Nas ruas, o objetivo do Lidar é fazer uma leitura em 3D não só de ruas, mas também de obstáculos, pedestres e outros veículos ao redor de carro. Na prática, serve como olhos para um carro autônomo, que pode então se localizar de forma precisa no trânsito.

    Para que serve o Lidar na rua

    Na prática, o sistema age como um radar, mas com pulsos de raios laser em 360º, e não ondas sonoras. Mas a lógica é a mesma: a central eletrônica mede quanto tempo essas emissões levam para serem refletidas e recebidas de volta – a técnica é chamada de “tempo de voo“.

    Com isso, a central eletrônica do veículo consegue construir não apenas uma visualização 3D, como calcular precisamente a distância até tais obstáculos.

    Para carros de passeio, o uso permite que modelos atuais de marcas premium tenham o chamado “traffic jam assist“, que consegue aliviar a tensão do condutor ao lidar com manobras pequenas e acelerações e frenagens em curto espaço de tempo, condições típicas de um congestionamento.

    A tecnologia também ajuda em viagens rodoviárias, no caso de carros com o Nível 2 de sistema autônomo, para auxílio de ultrapassagens, por exemplo.

    Além disso, no futuro, versões mais avançadas do Lidar farão o trabalho de enxergar o mundo para que carros se movam totalmente sem interferência do condutor.

    Imagem captada pelo sistema lidar da Luminar
    Exemplo de imagem em 3D captada pelo sistema da Luminar / Divulgação / Luminar

    E para que serve o sensor na F1

    Certo, mas isso quer dizer que o safety car da Mercedes não vai ter mais piloto? Errado, o trabalho do piloto alemão Bernd Mayländer segue garantido por ora.

    Na F1, o objetivo será escanear a pista antes das corridas, bem como após um eventual acidente, e informar à direção de prova e aos pilotos se há algum detrito ou condição perigosa que não havia sido detectada pelos fiscais.

    Segundo a Luminar, o Lidar do safety car poderá enxergar detritos (como pedaços de carros) à distância de até 250 metros, bem como objetos maiores a 500 metros.

    No detalhe, radar do safety-car da F1 Mercedes-AMG GT Black Series
    No detalhe, o sensor da Luminar que será visto sobre o safety-car este ano / Divulgação / Mercedes-Benz

    Quase 30 anos na pista

    A Mercedes fornece carro de segurança e carro médico para a F1 desde 1996, sendo que o AMG GT Black Series vai para sua terceira temporada na categoria, ao lado do sedã esportivo AMG GT 63 S, utilizado como carro médico.

    A Black Series costuma ser a série derradeira antes da aposentadoria de modelos da AMG. Por isso, muitos especialistas estavam contando com o anúncio da substituição do AMG GT – ou pelo menos com um avanço final em termos de performance.

    No Brasil, o supercarro se esgotou em 2022, quando algumas unidades foram importadas pelo equivalente a R$ 4 milhões.

    No caso do safety car, o equipamento de série é complementado pelo pacote FIA de segurança: 17 luzes de alerta (13 na cor laranja e quatro em verde), três telas com a inscrição SC, além de duas câmeras (uma geradora de imagens para TV e outra que serve como retrovisor).

    O interior da cabine é “travado” por uma gaiola tubular de segurança feita em titânio, além de dois tablets (um com a transmissão de TV, outro com posição dos pilotos), GPS de alta resolução e transponder, dois rádios e cintos de seis pontos no padrão FIA.

    Há ainda comandos das luzes externas e mais três LEDs, que reproduzem as bandeiras de sinalização de corrida ou flashes para o caso de intervenção médica.

    Sob o capô, o safety car leva o V8 de 4 litros, twinturbo com 32 válvulas trabalhado por um único engenheiro da AMG para entregar 740 cv, sob comando do câmbio automatizado de duas embreagens e sete marchas.

    Com isso, o 0-100 km/h é feito em 3,2 segundos (um F1 faz isso em 2,9 s, aproximadamente), com máxima de 325 km/h. Na frenagem, estão em uso os freios de carbono-cerâmica originais, bem como os pneus Pirelli P Zero.

    O carro médico, por sua vez, usa o V8 com 638 cv, câmbio automático de nove marchas, com máxima de 315 km/h, mas o mesmo 0-100. No Brasil, a última atualização do GT 63 S foi em 2021, com a série especial Carbon, com tração integral 4Matic+ e componentes de fibra de carbono, com preço inicial de R$ 1,6 milhão.

    Mercedes-AMG GT Black Series e AMG GT 63 S são carros de segurança da F1
    Mercedes-AMG GT Black Series e GT 63 S seguem na F1 por mais um ano / Divulgação / Mercedes-Benz