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    Piloto automático da Tesla recebe baixa avaliação por organização dos EUA

    Insurance Institute for Highway Safety, dos Estados Unidos, também classificou sistemas de direção sem as mãos da Ford e da Nissan como "ruins"

    Peter Valdes-Dapenada CNN

    O Insurance Institute for Highway Safety (instituto de seguros para segurança nas estradas), dos Estados Unidos, que classifica carros e SUVs quanto à segurança, examinou os chamados sistemas avançados de assistência ao motorista, como o Autopilot (piloto automático) da Tesla, e os considerou deficientes.

    Esses sistemas combinam diferentes sensores e tecnologias para ajudar o motorista a manter seu veículo na pista e evitar colisões com outros veículos à frente e nas laterais. Normalmente, esses sistemas funcionam apenas em rodovias. Alguns até permitem que os motoristas tirem as mãos do volante, mas todos exigem que os motoristas prestem atenção à estrada e aos veículos ao redor o tempo todo.

    Dos 14 sistemas testados pela agência, 11 receberam uma classificação “ruim”, incluindo o Autopilot da Tesla e os chamados sistemas de direção totalmente autônoma. (A direção totalmente autônoma na verdade não é totalmente autônoma, mas, ao contrário do Autopilot e quase todos os outros sistemas semelhantes, é projetada para funcionar em ruas urbanas e suburbanas.)

    A organização também classificou os sistemas de direção sem as mãos para rodovias da Ford e da Nissan como “ruins”. O sistema de direção sem as mãos da General Motors, o Super Cruise, foi classificado como “marginal”. Apenas o sistema Teammate with Advanced Drive da Lexus recebeu uma classificação “aceitável”. No entanto, mesmo essa classificação ainda está um passo abaixo da classificação máxima possível do Instituto de Seguros, que é “boa”.

    “Alguns motoristas podem sentir que a automação parcial torna viagens longas mais fáceis, mas há poucas evidências de que isso torne a condução mais segura”, disse o presidente do Instituto de Seguros, David Harkey, em comunicado. “Como muitos acidentes de alto perfil têm ilustrado, pode introduzir novos riscos quando os sistemas não têm salvaguardas apropriadas”.

    A Administração Nacional de Segurança no Trânsito nas Estradas do governo federal dos EUA atualmente não regulamenta esse tipo de sistemas. Essa é uma das razões pelas quais o IIHS instituiu essas classificações, disse Harkey em entrevista à CNN.

    “Achamos que este é um momento apropriado para entrarmos nesse espaço, preenchendo essa lacuna regulatória que estamos discutindo, ajudando a incentivar os fabricantes de automóveis a produzir implementações mais seguras em seus veículos e também ajudando os consumidores a entender o que esses sistemas realmente são e quais são as diferenças entre alguns desses sistemas”, disse Harkey.

    Muitos dos sistemas receberam deméritos por não fazerem o suficiente para garantir que os motoristas permaneçam atentos e não distraídos enquanto o carro estiver em movimento, freando e acelerando por conta própria. O Instituto de Seguros afirmou que nenhum dos 14 sistemas testados faz um bom trabalho monitorando a atenção do motorista.

    Em veículos onde uma câmera interna monitora a atenção do motorista, o Instituto testou o que acontecia se essa câmera fosse bloqueada deliberadamente ou se o motorista desviasse o olhar da estrada por muito tempo. Alguns sistemas também – ou apenas – monitoram se o motorista está segurando o volante, então os testadores observaram o que acontecia se um motorista soltasse o volante por muito tempo.

    Com sistemas como o Super Cruise da GM e o ProPilot Assist da Nissan, que permitem que os motoristas tirem as mãos do volante por longos períodos, os testadores também seguraram um bloco semelhante a um celular. Isso testou se o sistema conseguia detectar que as mãos do motorista não estavam prontas para agarrar o volante em uma emergência.

    “Estamos avaliando os resultados do primeiro teste de Salvaguardas de Automatização Parcial e continuaremos a trabalhar com o IIHS em todos os assuntos relacionados à segurança do cliente”, disse a Nissan em comunicado enviado por e-mail à CNN.

    O Instituto também verificou como esses sistemas alertam um motorista inatento para prestar atenção. Sete dos sistemas, descobriu-se, não forneceram alertas de dois métodos – como uma luz piscando e um som ou vibrações e luzes do volante – dentro de 15 segundos após o motorista se tornar inatento.

    Os motoristas de teste do Instituto de Seguros também observaram o que aconteceria se o motorista ficasse incapacitado com o sistema de direção automatizada em uso. Isso é uma preocupação real porque o carro poderia continuar dirigindo em alta velocidade sem que ninguém estivesse realmente no controle. Se um motorista não começar a prestar atenção por até 35 segundos depois de ter sido avisado, o veículo deve começar uma desaceleração de emergência e também entrar em contato com os serviços de emergência por conta própria, de acordo com o Instituto de Seguros. Dos sistemas testados, apenas o Super Cruise da GM lidou adequadamente com esse tipo de situação, segundo o Instituto.

    Alguns fabricantes de automóveis realmente comercializam recursos de direção adaptativa que o Instituto considera inseguros. Por exemplo, os sistemas da Tesla e da GM podem realizar mudanças de faixa completamente por conta própria, sem perguntar se o motorista deseja mudar de faixa. Eles podem ser configurados para fazer isso se outra faixa parecer mais rápida do que a que o veículo está atualmente. Isso não é seguro, disse Harkey em entrevista à CNN, porque convida ainda mais os motoristas a se desligarem da direção. Os motoristas devem pelo menos ser solicitados a permitir uma mudança de faixa, mesmo que o carro possa realizar a manobra por conta própria, disse ele.

    “À medida que novos veículos cada vez mais vêm equipados com sistemas de assistência ao motorista mais avançados (ADAS), esforços como o relatório de classificações de automação parcial do Instituto de Seguros para Segurança nas Estradas (IIHS) são importantes para salvaguardas mais robustas e unificadas”, disse a GM em comunicado enviado por e-mail à CNN. “Somos criteriosos ao expandir com segurança o acesso ao nosso sistema de mãos livres pioneiro na indústria, o Super Cruise, que se destina a ser um aprimoramento da experiência de direção”.

    Uma vez que esses sistemas ADAS não são recursos de segurança, não deveria ser possível usá-los quando os recursos de segurança reais estiverem desativados ou não forem utilizados, disse o Instituto de Seguros. Por exemplo, se os cintos de segurança estiverem desafivelados ou se a frenagem automática de emergência estiver desativada, os sistemas devem ser desativados. Apenas alguns dos sistemas atenderam a esse critério, disse o grupo.

    A Ford observou que seus veículos possuem um sistema que lembra os motoristas de colocarem os cintos de segurança e que, de acordo com seus próprios dados, os veículos que usam o BlueCruise têm 10 vezes menos probabilidade de sair da faixa, segundo um comunicado do fabricante de automóveis.

    “Estamos trabalhando em estreita colaboração com o IIHS desde que o BlueCruise foi introduzido em 2021”, disse a Ford em um e-mail para a CNN. “Embora não concordemos com as descobertas do IIHS, levaremos o feedback deles em consideração enquanto continuamos a avaliar futuras atualizações”.

    O sistema Autopilot da Tesla foi testado pelo Instituto de Seguros antes de um recall em dezembro de 2023, no qual uma atualização de software melhorou os alertas de atenção do motorista. O Instituto de Seguros continuará monitorando as atualizações e melhorias de software e periodicamente testará novamente os sistemas, disse Harkey.

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