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    Kandi: minicarro elétrico chinês pode custar só US$ 10 mil nos EUA

    Segundo a montadora, o Kandi K27 tem autonomia para 160 quilômetros com uma única carga, desempenho inferior a outros carros elétricos já vendidos no país

    Peter Valdes-Dapena, da CNN

    A montadora chinesa Kandi está entrando no mercado dos Estados Unidos com dois pequenos carros elétricos, um dos quais, o K27, pode ter o preço inicial de apenas US$ 10.000 após incentivos fiscais federais. Mas os consumidores terão de agir rápido para conseguir esse preço baixíssimo.

    Para os primeiros 1.000 compradores, espera-se que o preço inicial de compra do carrinho seja de US$ 17.500, mas US$ 7.500 serão abatidos na desoneração fiscal. O preço para quem comprar depois será de US$ 19.800 no total, ou US$ 12.400 para o comprador após o crédito fiscal. Como muitos estados também oferecem desonerações adicionais para a compra de veículos elétricos novos, o preço pode cair ainda mais.

    A Kandi America está vendendo o K27 por US$ 10.000 para os primeiros compradores
    A Kandi America está oferecendo o K27 por US$ 10.000 para os primeiros compradores. Mas não espere um carro completo por esse valor.
    Foto: Reprodução/ Kandi America

    No entanto, os compradores vão querer observar de perto o que estão obtendo por essa pechincha. De acordo com a montadora chinesa, cujos carros ainda não estão listados no site da EPA, a Agência de Proteção Ambiental dos EUA, o K27 tem autonomia de 160 quilômetros com uma única carga. Ou seja, a autonomia pode não ser comparável ao de outros carros elétricos cadastrados oficialmente na EPA. Também não estão claros os níveis de segurança e de confiabilidade do K27.

    Equipado com uma pequena bateria de 18 quilowatts-hora, o minicarro elétrico da Kandi tem motor de apenas 27 hp – o qual, segundo o fabricante, é suficiente para alcançar a velocidade de 100 km/h.

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    Devido ao seu motor fraco, o K27 demora um pouco para atingir essa velocidade máxima, conforme admitiu o presidente-executivo da Kandi America, Johnny Tai. O CNN Business não teve a chance de fazer um test drive com os carros da empresa.

    Para Tai, o K27 foi projetado para ser um automóvel urbano, apenas um ou dois degraus acima de uma motocicleta elétrica. Não se espera que ele cumpra o papel de um carro comum, capaz de levar uma família em longas viagens.

    Para clientes que procuram algo mais parecido com um “carro de verdade”, a Kandi oferece uma versão elétrica maior, o K23. Contrariando mais de um século de tradição na indústria automobilística, a Kandi nomeou seu carro maior e mais caro com um número menor do que o do modelo mais simples e barato. Os números referem-se à ordem de apresentação dos modelos, e não ao seu tamanho ou sofisticação, explicou Tai.

    Segundo o presidente da montadora, além de ser mais espaçoso (é 51 centímetros mais comprido), o K23 tem uma velocidade máxima de 112 km/h e autonomia de 300 quilômetros. A bateria do K23 é quase duas vezes maior que a do K27 e mais de 300 quilos mais pesada.

    Embora a potência geral do motor não seja muito maior, ele oferece um nível de desempenho muito diferente daquele do K27. Mesmo assim, este carro também não se destaca pela velocidade, como admitiu Tai.

    O K23 será vendido ao preço promocional de US$ 20 mil para os primeiro mil compradores, com a dedução do crédito fiscal federal. Ou seja, o dobro do K27, mas ainda assim mais acessível do que a maioria dos carros elétricos no mercado. Depois que essas primeiras mil vendas se confirmarem, o preço aumentará para cerca de US$ 30.000, ou US $ 22.500 após a desoneração fiscal.

    O K23 é para clientes que buscam algo mais parecido com um carro de verdade.
    O Kandi K23 é para clientes que procuram algo mais parecido com um carro de verdade.
    Foto: Reprodução/ Kandi America

    No entanto, muita coisa sobre a Kandi permanece desconhecida para os possíveis clientes norte-americanos. Além do desempenho, há dúvidas sobre a confiabilidade e a segurança do carro. A Kandi America contou que fez uma parceria com a Wrench, empresa que fornece serviços de reparo e manutenção de automóveis no país, para cuidar dos carros dos clientes. Além de uma garantia legal de oito anos para a bateria, os carros também têm uma garantia básica de quatro anos ou 80.000 quilômetros.

    Quanto à segurança dos veículos, há pontos a esclarecer.

    “A segurança é sempre nossa prioridade número um e Kandi foi certificado pela NHTSA”, observou Tai, referindo-se ao órgão regulador de segurança de tráfego nos EUA.

    O presidente da Kandi fez afirmações semelhantes antes, apontando para o fato de a empresa ter sido “certificada” ou “aprovada” pela NHTSA como prova da segurança dos carros. Mas não é assim que funciona.

    A NHTSA não avaliza empresas ou carros. Os próprios fabricantes devem “certificar-se de que seus produtos estão em conformidade com todos os padrões federais aplicáveis de segurança de veículos automotores e devem garantir que estejam livres de defeitos relacionados à segurança”, de acordo com uma declaração da NHTSA.

    Coleman Sachs, consultor da indústria automotiva, esclarece que a NHTSA não testa carros proativamente antes de eles serem vendidos nos EUA, embora a agência possa verificá-los depois para garantir a conformidade.

    A Kandi conta que seus veículos são usados para serviços de compartilhamento de carros na China e passaram nos testes de colisão lá.  A montadora fabrica carros na China desde 2007. Os novos K23 e K27, que ainda não estão nas estradas da China, são semelhantes aos outros modelos Kandi anteriores já disponíveis naquele país.

    No entanto, apesar da afirmação da Kandi America, repórteres da CNN na China não conseguiram encontrar nenhum registro de testes de colisão do K23, K27 ou de outros modelos Kandi na China. A Kandi também não compartilhou sua própria documentação de testes de colisão com base em padrões de teste chineses ou norte-americanos, apesar dos repetidos pedidos da CNN.

    Questionado se os resultados dos testes de colisão dos novos carros Kandi seriam competitivos com os de outros veículos vendidos nos EUA – a maioria dos quais tem classificações de teste de colisão de quatro e cinco estrelas no site safercar.gov da NHTSA – Tai não respondeu diretamente.

    “Não queremos competir com a Tesla ou qualquer outra empresa”, respondeu. “Queremos ter uma nova categoria para as pessoas que estão pensando: ‘Ah, eu quero um carro elétrico, quero fazer o bem para o meio ambiente, mas também quero economizar dinheiro’”.

    Espera-se que tanto o K23 como o K27 estejam disponíveis para clientes nos Estados Unidos até o final deste ano. A Kandi tinha planejado originalmente lançar os carros na área de Dallas/Fort Worth, no estado do Texas, e depois gradualmente estender sua rede de concessionárias em todo o país. Segundo o executivo, a empresa agora está acelerando esses planos por notar o intenso interesse de revendedores de todo o país.

    A empresa-mãe da Kandi America, Kandi Technologies Group (KNDI), atualmente é tema de ações judiciais devido a reformulações feitas em demonstrações de resultados divulgados entre 2014 e 2017. A empresa negou qualquer irregularidade intencional e afirma que as reformulações, que não apresentaram nenhuma mudança material nos resultados financeiros da empresa, foram simplesmente o resultado de erros contábeis.

    A empresa estava pensando em levar outros modelos para os EUA antes de decidir importar apenas o K23 e o K27. (Outro carro Kandi, o Coco, um carro elétrico parecido com o Smart, da Daimler, foi vendido nos Estados Unidos há anos por uma empresa externa.)

    Segundo Tai, outros carros e SUVs podem ser importados no futuro, mas essas decisões ainda não foram tomadas. A empresa não tem ambições de se tornar mais sofisticada e começar a vender carros mais caros, disse ele.

    “Queremos oferecer um valor melhor”, disse Tai. “É isso que buscamos e continuaremos buscando”.

    (Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês).

     

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