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    Marca brasileira desiste de carro elétrico, mas promete “inovação”

    Novo projeto do Lecar Model 459 prevê conjunto híbrido capaz de alcançar 1.000 km de autonomia com apenas 30 litros de etanol

    Thiago Venturacolaboração para a CNN

    O sonho de um carro elétrico projetado e fabricado no Brasil foi adiado mais uma vez. Se no passado remoto a Gurgel teve o seu protótipo elétrico que nunca chegou ao mercado, outro modelo mais recente teve o mesmo fim. A Lecar, fundada em 2022, anunciou que não vai mais ter carros elétricos, mas ainda aposta nos híbridos.

    Criada pelo empresário capixaba Flávio Figueiredo Assis, que chama a si mesmo de “Elon Musk brasileiro“, a empresa decidiu abandonar o segmento e redirecionar seus esforços para a produção de veículos híbridos. No lugar de um motor elétrico, o carro será movido por uma “inovação“, segundo o idealizador.

    “Ao longo do período de desenvolvimento do carro, dos testes feitos e estudos internacionais já publicados, chegamos à conclusão de que o carro híbrido é mais vantajoso para a sociedade do que o elétrico em diversos quesitos, o que nos fez redirecionar nosso posicionamento e os planos para o mercado”, anunciou o empresário.

    “A ideia, agora, é que nossa tecnologia híbrida flex a etanol com tração 100% de motor elétrico, proporcione 1mil km com 30 litros de etanol. Temos o primeiro carro elétrico sem tomada do mundo”, acrescentou.

    No entanto, essa solução não é nova e já está está disponível no Brasil. O novo Honda Civic híbrido atua exatamente desta forma: tem um motor 2.0 a gasolina e dois elétricos. Na prática, o motor a combustão trabalha na maior parte do tempo gerando energia para o elétrico que movimenta o carro.

    Além disso, o termo “híbrido flex” indica que o Lecar 459 funcionará também com gasolina, e não somente a etanol.

    A Lecar defende que os veículos híbridos são uma opção mais viável e acessível para a população brasileira. Embora já existam modelos híbridos razoavelmente bem-sucedidos no mercado, os preços ainda são elevados.

    “Nossa nova missão, a partir de agora, será reverter essa realidade, trazendo modelos híbridos muito mais aderentes à realidade brasileira e que caibam no bolso da população, contribuindo para uma verdadeira revolução inovadora na mobilidade nacional”, disse Flávio Assis.

    A empresa possui sede em Alphaville, em Barueri (SP), e está implantando uma unidade fabril em Caxias do Sul (RS). Segundo o criador, a Lecar segue trabalhando em seu protótipo híbrido e deve anunciar em breve uma nova previsão de lançamento no mercado.

    Empresa trabalha em protótipo híbrido, mas ainda não revelou qual a previsão de lançamento / Divulgação

    A decisão da Lecar de abandonar os veículos elétricos em favor dos híbridos reflete uma tentativa de se adaptar às realidades do mercado brasileiro. No entanto, a falta de experiência nesse mercado altamente competitivo e outras variáveis complexas envolvidas no projeto levantam dúvidas sobre a capacidade da empresa de executar seus planos com sucesso.

    Especialistas do setor avaliam que o carro híbrido é muito mais complexo de projetar e fabricar do que um elétrico, tanto que até hoje somente a Toyota tem esse tipo de tecnologia fabricada no país.

    A promessa de um carro híbrido acessível e eficiente é atraente, mas a trajetória até sua realização ainda é longa e incerta. A Lecar terá que superar muitos desafios em termos de infraestrutura, tecnologia e regulação para alcançar o objetivo de lançar o “primeiro carro híbrido brasileiro“.