Brasil pode ter Mustang GTD de US$ 300 mil, diz VP da Ford
Versão finalizada manualmente transforma modelo em carro de corrida, com número limitado de unidades
A Ford anunciou na última sexta-feira (1º de março) que começará a vender o novo Mustang no Brasil em breve. Apresentada em 2022, a sétima geração do muscle car chega como modelo 2024. Mas não fica nisso: o vice-presidente da empresa para América do Sul afirmou que o mercado brasileiro tem potencial para receber também o Mustang GTD 2025, configuração de mais de 800 cavalos, baseada no modelo de competição.
No anúncio do modelo 2024, mesmo sem dar muitos detalhes, a empresa afirmou que trará “o motor Coyote V8 mais potente de todos os tempos” com a configuração padrão do novo Mustang sendo chamada de GT Performance.
Mas o ano de 2024 marca o aniversário de 60 anos de lançamento do Mustang, uma data que a Ford pretende explorar bastante. E isso inclui utilizar exatamente o segmento de performance, segundo Rogélio Golfarb, VP da empresa para a região, que comentou o assunto em entrevista à CNN Brasil.
Este segmento inclui não apenas versões mais fortes de modelos conhecidos, como a picape Ranger Raptor, o novo Mustang ou mesmo o elétrico Mustang Mach-E (versão Rally), mas também ações em corridas (como as 6 Horas de São Paulo de WEC, em julho, na qual a Ford corre com carros das classes GT3 e GT4) e exibições para clientes selecionados.
“A gente vai trabalhar forte o segmento de performance aqui, sem dúvida nenhuma. Temos bons veículos de [competição] GT3 e GT4, que são maravilhosos, e temos o Mustang GTD”, afirmou Golfarb, apontando o plano de exibir o modelo em evento prévio e analisar o potencial de negócios.
“É um carro maravilhoso e vai levar a marca Mustang a outros patamares, e nós vamos trabalhar isso aqui com certeza, pelo menos para exibição, mas não pense que fica só nisso.”
O objetivo do executivo é convencer a matriz de que faz sentido vender o GTD no Brasil. “A produção é muito limitada, mas nós estamos trabalhando para ver se a gente traz aqui, sim. Não posso prometer porque não tenho nada decidido. Independente de ser em volumes muito pequenos, a gente tá pensando lá na frente”, acrescentou.
Mustang cada vez mais forte
Nos Estados Unidos, o pacote GT traz – além do motor 2,3 Ecoboost que nunca foi cogitado para o Brasil – o mesmo motor V8 utilizado na sexta geração do Mustang, gerando 486 cv e 57,38 kgfm de torque, com opção de câmbio manual de seis marchas ou automático de 10 velocidades.
Há ainda a opção de ter o V8 entregando inéditos 507 cv, com torque de 57,8 kgfm, na configuração Dark Horse. Essa funciona como “sucessora espiritual” do Mustang Mach 1 2023, vendido a R$ 576.490 atualmente.
Existe ainda o opcional chamado “pacote Performance”, que já faz parte de 22% dos pedidos de Mustang nos Estados Unidos, mesmo não adicionando potência ou força. Os extras são barra de reforço do cofre do motor, diferencial com deslizamento limitado Torsen, rodas e pneus de bitola ampliada, freios Brembo de tamanho maior, conjunto de suspensão ativa magnética (MagneRide) e o freio de estacionamento elétrico com manopla, que “facilita o drift”, de acordo com a empresa.
Tudo isso poderia ser misturado no pacote GT Performance para o Brasil para manter o patamar do atual Mach 1, atrair consumidores e amaciar o QG da Ford em Detroit, graças ao valor do tíquete médio mais elevado.
Mustang GTD tem peças de avião de guerra
Caso realmente seja vendido no Brasil, o GTD seria ofertado como modelo extremamente limitado, com pegada de superesportivo, a poucos clientes, possivelmente menos do que contam os dedos de uma mão.
O Mustang GTD é feito em parceria pela divisão Ford Performance e Multimatic, inspirado no carro de competição de Le Mans e demais etapas de campeonatos globais de Endurance (WTC e IMSA), na categoria GT3 e GT4 da FIA, mas com homologação para ruas.
Para ser o Mustang mais rápido e forte de todos, tem suspensão ativa com ajuste de pressão e de altura inéditos, freios de carbono-cerâmica, rodas de 20 polegadas forjadas de alumínio ou magnésio, pneus mais largos (dianteiros são iguais aos traseiros do GT, de 325 mm, com os traseiros indo a 345 mm), além de itens ativos de aerodinâmica.
O câmbio é de dupla embreagem e oito marchas, montado na traseira, com eixo de transmissão de fibra de carbono para distribuição de peso próxima do ideal (50/50).
O motor é totalmente tunado pela Ford Performance. O GTD usa o V8 de 5,2 litros com compressor com dupla turbina, cárter seco e sistemas de admissão e exaustão de alta vazão, este último com válvula ativa de titânio, tudo para passar dos 800 cv, acima das 7.500 rpm.
Na cabine, só existem os bancos dianteiros, da Recaro, similares aos de competição, e o volante usa aletas de troca de marcha que prometem “reciclar” peças de titânio de aviões-caças Lockheed Martin F-22.
Há ainda tecnologia de conectividade, com novo sistema Sync e apps multimídia e de mudanças dos modos de direção atualizáveis “over-the-air”, usando chip de celular.
Mustang milionário
Mas tudo tem um preço. No caso do GTD, o valor estimado pela Ford dos Estados Unidos parte dos US$ 300 mil, que daria em torno de R$ 1,48 milhão no câmbio atual, sem impostos ou taxas.
Além disso, a fabricação na unidade de Flat Rock (perto de Detroit), com finalização feita à mão pela Multimatic em Markham (Canadá), começa no final do ano e só prevê um ciclo limitado a cerca de 1.000 unidades.
Essa série especial teria de abastecer clientes seletos dos Estados Unidos e Europa, além de China e Oriente Médio. Daí, a necessidade de “convencimento” para trazer algumas para o Brasil, segundo o executivo.