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    Brasil avança e chega a 10 mil pontos de recarga para elétricos e híbridos

    Quantidade de carregadores quase triplicou em um ano, mas infraestrutura ainda enfrenta problemas

    Guilherme Machado

    Uma das principais questões que afasta possíveis compradores de carros elétricos da compra de fato é a incerteza quanto à robustez da infraestrutura de recarga. Essa infraestrutura, entretanto, vem crescendo no país: segundo a ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), o Brasil ultrapassou em agosto a marca de 10 mil pontos de recarga para carros elétricos (BEV) e híbridos plug-in (PHEV).

    A ABVE utiliza dados da empresa Tupi Mobilidade para mostrar a evolução da quantidade de eletropostos no Brasil nos últimos dois anos:

    • Dezembro/2020: 350
    • Março/2021: 500
    • Fevereiro/2022: 1.250
    • Outubro/2022: 2.862
    • Dezembro/2022: 2.955
    • Maio/2023: 3.200
    • Junho/2023: 3.503
    • Agosto/2023: 3.800
    • Dezembro/2023: 4.300
    • Março/2024: 7.758
    • Julho/2024: 8.800
    • Agosto/2024: 10.622

    Mesmo com o aumento dos investimentos em infraestrutura de recarga, ao se sair das principais rodovias do Sudeste e Sul do país, a quantidade de carregadores em estradas torna-se escassa.

    Nas grandes cidades, embora essa infraestrutura tenha melhorado muito nos últimos anos, há questões como a falta de estrutura da rede elétrica dos edifícios para suportar carregadores e também a manutenção precária de carregadores de uso público.

    O jornalista Carlos Mattos, que frequentemente avalia carros elétricos e híbridos plug-in para seu canal no YouTube, afirmou em entrevista que o prédio onde mora, em São Bernardo do Campo (SP), não comporta a instalação de carregadores elétricos. Segundo ele, o condomínio não autoriza a utilização de tomadas da garagem para uso individual dos moradores, já que trata-se de uma área comum do prédio.

    Carlos afirma que acaba ficando refém de carregadores de shoppings, supermercados e afins, mas que esses também nem sempre atendem a demanda. Além das filas para o uso de carregadores instalados em locais públicos, é comum encontrar os equipamentos quebrados ou inoperantes por outros motivos: “no shopping aqui perto de casa, fui carregar um Volvo C40 e o carregador estava desligado. Na faculdade da minha esposa, desligaram o carregador, único que tem, porque um cara chegava e dominava o carregador, e não queria deixar chave com o motorista pra retirar quando terminasse a carga”, afirmou o jornalista.

    Mesmo em países com maior infraestutura de recarga de carros elétricos, problemas como esse são comuns — já que, nesses lugares, a frota de elétricos e híbridos plug-in também é maior. Há até o surgimento de empresas de aluguel de carregadores para mitigar esse problema, como mostra reportagem da CNN.

    Vale mencionar que a Volvo, fabricante do carro citado por Carlos, começou a cobrar para que carros elétricos e híbridos de outras marcas carreguem as baterias em seus carregadores. Essa medida pode parecer ruim para os proprietários desses outros veículos, mas pode incentivar a instalação de mais carregadores pelas marcas concorrentes.

    Diferentemente do que ocorre em países europeus, no Brasil não há incentivos governamentais para a instalação de carregadores em locais públicos. Mas o número crescente deles, resultado do investimento das montadoras visando mudar a visão dos consumidores quanto às condições da infraestrutura de recarga brasileira, nos deixa otimista quanto ao futuro.

     

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