Brasil avança e chega a 10 mil pontos de recarga para elétricos e híbridos
Quantidade de carregadores quase triplicou em um ano, mas infraestrutura ainda enfrenta problemas
Uma das principais questões que afasta possíveis compradores de carros elétricos da compra de fato é a incerteza quanto à robustez da infraestrutura de recarga. Essa infraestrutura, entretanto, vem crescendo no país: segundo a ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico), o Brasil ultrapassou em agosto a marca de 10 mil pontos de recarga para carros elétricos (BEV) e híbridos plug-in (PHEV).
A ABVE utiliza dados da empresa Tupi Mobilidade para mostrar a evolução da quantidade de eletropostos no Brasil nos últimos dois anos:
- Dezembro/2020: 350
- Março/2021: 500
- Fevereiro/2022: 1.250
- Outubro/2022: 2.862
- Dezembro/2022: 2.955
- Maio/2023: 3.200
- Junho/2023: 3.503
- Agosto/2023: 3.800
- Dezembro/2023: 4.300
- Março/2024: 7.758
- Julho/2024: 8.800
- Agosto/2024: 10.622
Mesmo com o aumento dos investimentos em infraestrutura de recarga, ao se sair das principais rodovias do Sudeste e Sul do país, a quantidade de carregadores em estradas torna-se escassa.
Nas grandes cidades, embora essa infraestrutura tenha melhorado muito nos últimos anos, há questões como a falta de estrutura da rede elétrica dos edifícios para suportar carregadores e também a manutenção precária de carregadores de uso público.
O jornalista Carlos Mattos, que frequentemente avalia carros elétricos e híbridos plug-in para seu canal no YouTube, afirmou em entrevista que o prédio onde mora, em São Bernardo do Campo (SP), não comporta a instalação de carregadores elétricos. Segundo ele, o condomínio não autoriza a utilização de tomadas da garagem para uso individual dos moradores, já que trata-se de uma área comum do prédio.
Carlos afirma que acaba ficando refém de carregadores de shoppings, supermercados e afins, mas que esses também nem sempre atendem a demanda. Além das filas para o uso de carregadores instalados em locais públicos, é comum encontrar os equipamentos quebrados ou inoperantes por outros motivos: “no shopping aqui perto de casa, fui carregar um Volvo C40 e o carregador estava desligado. Na faculdade da minha esposa, desligaram o carregador, único que tem, porque um cara chegava e dominava o carregador, e não queria deixar chave com o motorista pra retirar quando terminasse a carga”, afirmou o jornalista.
Mesmo em países com maior infraestutura de recarga de carros elétricos, problemas como esse são comuns — já que, nesses lugares, a frota de elétricos e híbridos plug-in também é maior. Há até o surgimento de empresas de aluguel de carregadores para mitigar esse problema, como mostra reportagem da CNN.
Vale mencionar que a Volvo, fabricante do carro citado por Carlos, começou a cobrar para que carros elétricos e híbridos de outras marcas carreguem as baterias em seus carregadores. Essa medida pode parecer ruim para os proprietários desses outros veículos, mas pode incentivar a instalação de mais carregadores pelas marcas concorrentes.
Diferentemente do que ocorre em países europeus, no Brasil não há incentivos governamentais para a instalação de carregadores em locais públicos. Mas o número crescente deles, resultado do investimento das montadoras visando mudar a visão dos consumidores quanto às condições da infraestrutura de recarga brasileira, nos deixa otimista quanto ao futuro.