Bolsa renova máxima desde janeiro com dados dos EUA e falas de Campos Neto; dólar cai a R$ 5,44
O índice de preços ao produtor (PPI) dos Estados Unidos desacelerou conforme o esperado em julho, após surpreender analistas no mês anterior
Os principais índices do mercado financeiro brasileiro ampliaram o clima positivo nesta terça-feira (13), em sessão de alta nas bolsas globais após dados da inflação dos Estados Unidos publicados durante a manhã.
Números de preços ao produtor (PPI) desaceleraram em julho após alta surpreendente no mês anterior, ficando abaixo das expectativas do mercado. Nesta quarta (14), saem dados de preços ao consumidor (CPI).
No cenário local, investidores acompanharam novas falas do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, reforçando de que a autoridade monetária vai seguir persistente na missão de trazer a inflação para baixo, mesmo que isso custe novos aumentos na Selic.
O Ibovespa encerrou a sessão com alta de 0,98%, aos 132.397 pontos, melhor resultado desde janeiro.
A CSN (CSNA3) e a CSN Mineração (CMIN3) foram destaques positivos no dia, com repercussão dos resultados trimestrais, enquanto Natura (NATCO3) afundou quase 15% após a companhia anunciar pedido de recuperação judicial nos EUA da sua subsidiária Avon.
O desempenho da bolsa em São Paulo acompanha o clima de alta nas principais praças da Europa e em Wall Street.
O cenário positivo favoreceu o câmbio doméstico e o dólar fechou em queda de 0,9%, negociado a R$ 5,449 na venda, a sexta sessão seguida de recuo ante a divisa brasileira.
O PPI, uma medida das mudanças médias de preços vistas por produtores e fabricantes, foi de 2,2% nos 12 meses encerrados em julho, uma retração do aumento de 2,7% registrado em junho, de acordo com dados do Bureau of Labor Statistics (BLS) divulgados nesta manhã.
Em uma base mensal, os preços subiram 0,1%, um ritmo mais lento do que o aumento de 0,2% visto em junho.
Economistas esperavam que os preços aumentassem 0,2% em uma base mensal e desacelerassem para 2,3% anualmente, de acordo com estimativas do FactSet.
O PPI serve como um potencial termômetro para a inflação no varejo nos próximos meses. Na quarta-feira, o BLS divulgará o Índice de Preços ao Consumidor para julho, fornecendo uma visão crítica de como os preços estão mudando para os consumidores em suas vidas cotidianas.
Expectativa por juros do BC
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, voltou a dizer que a busca pela meta de inflação, definida pelo governo federal, pode exigir o aumento dos juros, e que os quatro diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estão em “consonância total” caso haja necessidade de elevar a Selic.
Em audiência na Comissão de Tributação e Finanças (CFT) da Câmara dos Deputados nesta terça, o banqueiro central destacou que o BC “só está fazendo o que o governo quer” e citou uma frase de Lula sobre ter a inflação baixa e economia crescendo.
“Em relação à possibilidade de subir os juros, ontem houve duas falas de diretores, inclusive diretores que foram apontados por este governo, dizendo ‘olha, nós vamos fazer o que tivermos que fazer para atingir a meta. E se tiver de subir os juros, e se for necessário, vai ser feito’”, afirmou Campos Neto na ocasião.
Atualmente, a Selic está em 10,5% ao ano, uma decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) tomada em maio e mantida nas duas outras reuniões posteriores do colegiado — todas as decisões foram acertadas por unanimidade.
As falas reforçam os comentários da véspera do diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, de que a alta da Selic está na mesa do Comitê de Política Monetária (Copom).
Em evento, Galípolo disse que a autarquia fez uma transição de comunicação, saindo de um ciclo de corte nos juros e passando a afirmar a possibilidade de conviver com uma taxa mais restritiva por mais tempo. Mas, segundo ele, essa mensagem foi lida como uma retirada da possibilidade de alta nos juros.
*Com Reuters e CNN Internacional