“Sejamos realistas” diz Rússia sobre plano de Trump para acabar com a guerra na Ucrânia
Ex-presidente havia afirmado que encerraria o conflito “em um dia” caso retornasse à Casa Branca nas eleições de 2024
A Rússia disse nesta quinta-feira (18) que a afirmação de Donald Trump de que poderia encerrar rapidamente a guerra na Ucrânia deveria ser vista de forma realista, dado que ele havia prometido um avanço na paz no Oriente Médio, mas não conseguiu alcançá-lo durante sua presidência.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, disse que Moscou tomou nota das declarações de Trump, que concorre contra o presidente Joe Biden nas eleições americanas de novembro, e de seu recém-nomeado companheiro de chapa, J.D. Vance.
“Vimos as declarações” disse Zakharova aos jornalistas, se referindo quando Trump disse que resolveria o conflito dentro de 24 horas, e depois Vance afirmou que a China é um problema maior para os Estados Unidos do que a guerra entra a Rússia e a Ucrânia.
“É necessário separar a retórica pré-eleitoral das declarações de funcionários do governo dotados dos poderes apropriados. Se falarmos sobre se é possível resolver o conflito, sejamos realistas”.
Zakharova disse que Trump, durante a sua presidência dos Estados Unidos entre os anos de 2017 a 2021, fez declarações ambiciosas sobre a resolução do conflito no Oriente Médio.
“Há muito tempo que se prepararam para o ‘acordo do século’, mas não terminou em nada, e sob Biden, pelo contrário, aconteceu uma tragédia histórica colossal”, disse, referindo-se à guerra de Gaza.
Visão russa sobre as eleições americanas
O presidente russo, Vladimir Putin, ofereceu uma variedade de opiniões sobre as eleições nos EUA.
Em fevereiro, ele disse que Biden era a melhor opção do ponto de vista de Moscou porque era um político da “velha escola” mais previsível.
Em junho, ele disse que o resultado não faria muita diferença para a Rússia, mas estava claro que o sistema judicial dos EUA estava sendo usado em um batalha política contra Trump.
Putin disse que leva a sério os comentários de Trump sobre o fim da guerra na Ucrânia, mas não sabe detalhes do que está propondo.
O Kremlin disse na semana passada que notou os deslizes verbais de Biden, inclusive quando ele apresentou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, como “presidente Putin” em um evento em Washington.
A Rússia afirmou que os comentários de Biden, que descreveu Putin como um “louco assassino”, foram desrespeitosos e inaceitáveis.
Zakharova também foi questionada sobre uma declaração de Zelensky esta semana de que pretendia ter um plano pronto em novembro para permitir que Kiev realizasse uma segunda cúpula internacional de paz.
Zelensky disse que a Rússia, que não foi convidada para uma primeira cúpula na Suíça no mês passado, deveria estar envolvida desta vez.
Putin disse no mês passado que a Rússia estava disposta a acabar com a guerra, mas apenas se a Ucrânia desistisse da totalidade das quatro regiões que Moscou afirma ter anexado. A Ucrânia rejeitou imediatamente esses termos, dizendo que equivaleriam à rendição.