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    Waack: Bagunça sobre desoneração é obra coletiva

    A bagunça toda expôs o seguinte: para equilibrar as contas, os anunciados cortes de gastos por parte do governo são insuficientes; e para o pretendido aumento de impostos, não há votos suficientes

    William Waack

    Foi uma obra coletiva do Legislativo, Executivo e Judiciário a bagunça em torno da desoneração de folhas de pagamento, que ameaça, como sempre, terminar mal para o contribuinte.

    Esse negócio de desoneração começou lá atrás, como forma de garantir empregos, chegando a beneficiar 17 setores – entre eles o de comunicações, do qual fazemos parte. Tinha data para terminar no final do ano passado, mas o Congresso prorrogou e, ainda por cima, incluiu prefeituras no bolo. Por medida provisória, o Executivo anulou a decisão do Congresso – acabou a desoneração.

    Aí o Congresso derrubou a medida do governo – a desoneração voltou. O Supremo então determinou que o Congresso estava errado – a desoneração acabou.

    Ocorre que um governo fraco lidando com um Congresso forte achou que era melhor chegar a um resultado por acordo. E o Supremo, ajudando o governo, deu um prazo para todo mundo achar essa fórmula mágica de tapar buraco em conta pública.

    O prazo acabaria nesta sexta-feira, mas Executivo e Legislativo conseguiram mais tempo – de novo – para conversar.

    O que ficou bem claro é que a política não é capaz de resolver essa bagunça, na qual sequer há acordo sobre os números em jogo.

    A bagunça toda expôs o seguinte: para equilibrar as contas, os anunciados cortes de gastos por parte do governo são insuficientes. E para o pretendido aumento de impostos, não há votos suficientes.

    É bem capaz que a gente acabe ficando com os dois: mais gastos e mais impostos.

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