Combo do Big Mac a R$ 100 nos EUA? Entenda o caso e a revolta
Produto vendido por US$ 18 - quase R$ 100 - em loja de parada viralizou e incomodou público
Pergunta rápida: quanto custa um combo do Big Mac – a combinação lanche, batata e bebida – nos Estados Unidos?
Muitas pessoas passaram a acreditar que é US$ 18 – o equivalente a cerca de R$ 98, na cotação desta terça-feira (25) – após a foto do menu de uma parada em Connecticut viralizar no X em 2023.
https://twitter.com/sam_learner/status/1681367351143301129
Agora, quase um ano após o post, um alto executivo do McDonald’s quer esclarecer as coisas.
Em uma carta aberta, Joe Erlinger, presidente do McDonald’s EUA, disse que US$ 18 por um combo de Big Mac era a “exceção” e não a norma em todos os 13.700 restaurantes do país.
O ponto é: não importa que praticamente ninguém esteja pagando algo próximo a US$ 18 por um combo Big Mac – cujo combo, em média, na verdade custa US$ 9,29 (R$ 50,64) nos EUA, de acordo com um folheto informativo que o McDonald’s publicou junto com a carta.
O que importa é que a postagem pisou no calo de um exército de pessoas que estão fartas dos custos de fast-food hoje em dia.
E Erlinger está claramente prestando atenção. Algumas semanas depois de publicar a carta, a empresa anunciou um menu com valor de US$ 5 (R$ 27,25). Mas não se engane, o momento não é uma coincidência.
Orgulho das empresas
No pós-pandemia, as cadeias de fast-food se gabaram nas chamadas de lucros sobre a facilidade com que podiam aumentar os preços sem incomodar tanto os consumidores.
Sim, as despesas das cadeias de fast-food aumentaram à medida que a inflação acelerava e elas tinham de desembolsar mais dinheiro para atrair trabalhadores. Mas não é como se eles estivessem sofrendo por causa disso.
À medida que aumentavam os preços, os lucros aumentavam. É claro que isso só era verdade porque os consumidores estavam dispostos a pagar mais à medida que os seus salários aumentavam e contavam com muitas poupanças acumuladas durante a pandemia.
Virada de jogo
Mas agora, redes como o McDonald’s, que não respondeu a um pedido de comentário da CNN Internacional, estão na defensiva.
Elas estão defendendo retroativamente os aumentos anteriores, dizendo aos clientes: “Eu entendo sua frustração”, ao mesmo tempo que lhes dizem: “Nós não somos os vilões que suas postagens nas redes sociais nos fazem parecer”.
“O preço médio de um Big Mac nos EUA era de US$ 4,39 (R$ 23,93) em 2019”, disse Erlinger em sua carta.
“Apesar de uma pandemia global e de aumentos históricos nos custos da cadeia de abastecimento, salários e outras pressões inflacionárias nos anos que se seguiram, o custo médio é agora de US$ 5,29 [R$ 28,83]. Isso representa um aumento de 21% (não 100%)”, acrescentou.
Se for esse o caso, um aumento de preços de 21% em relação a 2019 é inferior ao aumento geral de 23% nos preços de bens e serviços durante o mesmo período calculado pelo Índice de Preços ao Consumidor (CPI).
Além disso, os preços de todos os tipos de bens e serviços dispararam. Por exemplo, os custos do seguro automóvel para o consumidor médio dos EUA aumentaram mais de 40% de 2019 até agora, de acordo com dados do CPI.
As pessoas não estão felizes com isso, mas ainda não vi uma postagem viral sobre preços de seguros de automóveis. Talvez seja porque as seguradoras de automóveis não passaram a vida toda se posicionando como um bem barato para o cidadão comum.
Reduções de preços e menus de valor
Aposto que Erlinger foi informado da postagem viral do combo Big Mac de US$ 18 pouco depois de sua viralização. Então, por que demorou um ano para ele comentar sobre isso?
Margens de lucro.
O CEO do McDonald’s, Christopher Kempczinski, disse aos analistas na teleconferência de resultados de abril da empresa que as margens de lucro dos restaurantes caíram para onde estavam em 2019.
Isso ocorre porque os consumidores estão atingindo seus limites com os aumentos de preços que tiveram de arcar nos últimos quatro anos. E com os aumentos nos salários diminuindo e as economias desaparecendo, está doendo muito mais.
“Certamente seremos prudentes e cuidadosos sobre quaisquer novos aumentos de preços que estamos prevendo para o resto de 2024 nesse cenário”, acrescentou Ian Borden, CFO do McDonald’s na teleconferência.
É por isso que o McDonald’s está lançando um menu de US$ 5.
Mas eles não são os únicos a fazer um pivô. Target, Walgreens, Amazon, Walmart, Wendy’s e Starbucks estão reduzindo os preços de milhares de itens, tentando reconquistar os clientes que eles também perderam devido aos aumentos de preços.
Os clientes estão fartos, e estão finalmente começando a prejudicar os resultados financeiros das empresas.