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    Thais Herédia
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    Thais Herédia

    Passou pelos principais canais de jornalismo do país. Foi assessora de imprensa do Banco Central e do Grupo Carrefour. Eleita em 2023 a Jornalista Mais Admirada na categoria Economia do Jornalistas & Cia.

    Análise: a decisão unânime sobre os juros no Banco Central

    Todos os diretores votaram com Roberto Campos Neto, o que afasta ingerência política no Copom

    A decisão unânime do Copom pela manutenção dos juros em 10,5% ao ano afasta, pelo menos por enquanto, uma ingerência direta do presidente Lula na política monetária. Os oito diretores do Comitê votaram com Roberto Campos Neto, acusado por Lula e pelo PT de atuação política e por “prejudicar” o país.

    Qualquer resultado diferente da unanimidade provocaria uma crise de confiança perigosa na atuação do BC. Faltando pouco mais de seis meses para a saída de Campos Neto, a autoridade monetária enfrentaria uma sangria na sua credibilidade o que nenhum governante deveria querer.

    O presidente Lula, com seus ataques a Campos Neto um dia antes do Copom, tentou impor, mesmo que indiretamente, a sua autoridade sobre a decisão do colegiado. O petista criou constrangimento aos diretores indicados por ele.

    Ao escolherem manter o juro sem divergências, os novos membros do BC optaram pela preservação da instituição e isso é boa notícia. Se é bom para eles, ainda saberemos, mas para a condução da política monetária para controle da inflação, certamente.

    A primeira reação política à decisão foi bem menos barulhenta porque o constrangimento mudou de lado. Como desqualificar pessoalmente a manutenção da Selic se todos, inclusive os da conta de Lula, foram a favor dela?

    Um dito popular no mercado financeiro diz que a credibilidade do banco central sobe de escada e cai pela janela. Depois de deixá-la pendurada do lado de fora na reunião passada do Copom, os diretores dessa vez escolheram por colocá-la de volta na cabeceira da mesa do BC.

    Roberto Campos Neto também ganha blindagem e retaguarda para seguir com seu mandato até 31 de dezembro. Ele mesmo provocou, em certa medida os ataques mais recentes, ao se reunir socialmente com bolsonaristas. O episódio do jantar com governador de São Paulo, assim como o fato de ter ido votar nas eleições de 2022 com a camisa do Brasil, não serão apagados do legado de Campos Neto.

    Tem um mais antigo ainda que aconteceu durante governo passado, quando Campos Neto foi a um churrasco com ministros de Bolsonaro. Não é condizente com a liturgia do cargo, nem que o BC não fosse independente de fato.

    Gabriel Galipolo, o líder na bolsa de apostas para suceder Campos Neto, pode ser enfraquecido pelo PT. É uma hipótese real, mas que ainda não faz todo sentido. A batata quente agora está na mão de Lula que terá que escolher o novo presidente do BC, terá que conviver com juros altos por mais tempo e com o fato de que sua autoridade não vale na sala do Copom.

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