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    Teo Cury
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    Teo Cury

    Explica o que está em jogo, descomplica o juridiquês e revela bastidores dos tribunais e da política em Brasília. Passou por Estadão, Veja e Poder360

    “Nosso objetivo não é mero desejo de protagonismo, mas contribuir efetivamente para paz”, diz Amorim à CNN

    Governo foi criticado por Volodymyr Zelensky neste fim de semana; vice-ministra ucraniana afirmou à CNN que Brasil poderia desempenhar papel maior nas negociações de paz

    O assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, afirmou à CNN nesta segunda-feira (17) que o governo brasileiro não tem o objetivo de “estar mais envolvido nas negociações” para pôr fim à guerra entre Rússia e Ucrânia por mero desejo de protagonismo, mas para contribuir efetivamente para a paz.

    A declaração de Amorim ocorre no dia seguinte à fala crítica do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenski, sobre a tímida participação brasileira na conferência de paz realizada neste fim de semana na Suíça.

    O Brasil esteve presente apenas com sua embaixadora em Berna, Claudia Buzzi, e recusou-se a assinar o texto final do encontro. Brasília tem alegado que não existe diálogo viável sem a Rússia junto.

    “Nosso objetivo não é estar mais envolvido nas negociações por mero desejo de protagonismo, mas contribuir efetivamente para a paz”, disse Amorim.

    O assessor presidencial gostaria que, ainda neste ano, fosse possível realizar uma conferência internacional com a participação tanto da Rússia como da Ucrânia.

    Amorim também respondeu à entrevista concedida à CNN pela vice-ministra de Relações Exteriores da Ucrânia, Iryna Borovets. A número dois da chancelaria ucraniana afirmou que, apesar dos esforços brasileiros, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) poderia desempenhar um papel maior nas negociações de paz entre o país e a Rússia.

    “Nós achamos que, considerando a postura internacional do Brasil e a posição global em que o país se encontra, poderia estar mais envolvido nas negociações de paz”, disse a vice-ministra em referência à Cúpula da Paz sobre a Ucrânia, que aconteceu em um resort na Suíça.

    O conteúdo do comunicado final requer a utilização segura da energia nuclear, a proteção das rotas de navegação marítima e o regresso das crianças deslocadas e dos civis detidos ilegalmente.

    “Quando o Brasil e a China aderirem aos princípios que nos uniram, países civilizados, aqui hoje, ficaremos felizes em ouvir seus pensamentos, mesmo que às vezes eles não se alinhem com o que a maioria do mundo pensa”, disse Zelensky.

    O presidente Lula foi convidado para o evento, mas recusou, alegando que nenhuma cúpula conseguirá chegar à paz sem o envolvimento dos russos na mesa de negociações.

    A defesa de uma cúpula com os dois países em guerra é uma resposta à conferência que a Suíça realizou neste final de semana, que contou com a participação da Ucrânia, mas sem representação da Rússia. A China também concorda com a realização de uma cúpula que seja reconhecida tanto pela Rússia quanto pela Ucrânia, com participação igualitária de todos os países relevantes nas tratativas e uma discussão justa de todos os planos de paz.

    No final de maio, os governos de Brasil e China negociaram entendimentos sobre uma resolução para a guerra entre Rússia e Ucrânia, defendendo negociação política para que a paz seja alcançada.

    O acordo firmado é um marco importante nas relações diplomáticas diante da continuidade da guerra. A avaliação do governo brasileiro é a de que a China, que também não participou do evento, é a única potência global com peso capaz de exercer influência sobre Moscou.

    Amorim, que assina a declaração com Wang Yi, ministro das Relações Exteriores chinês, acredita que o documento é um caminho para discussões entre os dois países. “Que permita chegar a uma ampla conferência, em que as ideias e posições do Sul Global estejam representadas e ajudem no diálogo, que tem que ser amplo e abrangente”, diz o assessor especial de Lula.

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