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    CNJ aprova regulamentação do juiz das garantias

    Resolução aprovada por unanimidade traz diretrizes para criação da figura nos tribunais

    Lucas Mendesda CNN , Brasília

    O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou nesta terça-feira (28), por unanimidade, a proposta de regulamentação do juiz das garantias nos tribunais brasileiros.

    A resolução traz diretrizes para a criação do instrumento nos órgãos da Justiça Federal, Eleitoral, Militar, dos Estados e do Distrito Federal.

    A regulamentação do instrumento segue decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que, em agosto de 2023, validou a figura do juiz das garantias, criada pelo Congresso, e fixou prazo para sua criação pelos tribunais.

    Na ocasião, o Supremo deu prazo de 12 meses para a implantação (contado a partir de agosto), prorrogável por mais 12 meses.

    Pontos

    Conforme a resolução, os tribunais poderão definir a estrutura e o funcionamento do juiz das garantias, “consideradas suas particularidades demográficas, geográficas, administrativas e financeiras”.

    A resolução estabelece dois modelos de implantação, mas não proíbe outras possibilidades, desde que respeitem os “objetivos e limites impostos” pela lei que criou a figura.

    Um dos modelos refere-se a comarcas com mais de uma vara. Nesses casos, será possível organizar o juiz das garantias por um núcleo especializado, que concentrará as demandas.

    Outra forma exemplificada na resolução é a implantação regionalizada do juiz de garantias, envolvendo duas ou mais comarcas.

    O CNJ ainda previu no documento que os tribunais poderão organizar cursos de formação para os magistrados que forem desempenhar a função de juízes de garantias. A capacitação deve ser feita pela Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados (ENFAM).

    Aprovação

    O texto da resolução foi apresentado pelo conselheiro José Rotondano, que comandou um grupo de trabalho no CNJ criado para elaborar uma minuta de resolução sobre o tema.

    Participaram dos trabalhos do grupo representantes de tribunais federais e dos estados, associações, advogados e integrantes do Ministério Público.

    Segundo Rotondano, o objetivo da resolução foi preservar a autonomia administrativa dos tribunais. “A minuta estabelece diretrizes possibilitando a cada Corte construir a implementação do modelo de juiz de garantias que melhor se adequar às suas realidades locais”, afirmou.

    O que é

    O juiz de garantias é um magistrado que atuará só na fase de investigação do processo e vai ficar responsável por fiscalizar a legalidade da apuração criminal, autorizando medidas como prisões, quebras de sigilo e mandados de busca e apreensão. Tem a função de garantir os direitos individuais dos investigados.

    A atuação do juiz de garantias termina com o oferecimento da denúncia. A análise sobre seu recebimento ou rejeição caberá ao juiz do processo.

    O juiz de garantias deve atuar em casos criminais da competência da Justiça Eleitoral. Não terá atuação em processos de competência originária de tribunais, no Tribunal do Júri (o júri popular) e nos casos de violência doméstica e familiar.

    Histórico

    O STF decidiu, em agosto, que o instrumento do juiz das garantias deve ser obrigatoriamente implantado em todo o país, num prazo de um ano, prorrogável uma única vez por igual período.

    Conforme a decisão do STF, as diretrizes para implantação ficaram sob responsabilidade do CNJ.

    Caberá aos estados, ao Distrito Federal e à União definir o formato em seus tribunais.

    Até a efetiva criação do juiz de garantias, haverá uma regra de transição. As ações penais que já estiverem em tramitação no momento da implantação do instrumento não serão afetadas e não precisarão se adequar ao novo modelo.

    A criação do juiz de garantias foi aprovada pelo Congresso no chamado “pacote anticrime” e sancionado pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) em dezembro de 2019. A aplicação foi suspensa em janeiro de 2020 por decisão do ministro Luiz Fux, então vice-presidente do STF.

    Fux é o relator das ações no STF que questionaram a aprovação do juiz das garantias pelo Congresso.

    Os processos foram movidos pelos partidos PSL (hoje parte do União Brasil), Podemos e Cidadania, além de entidades representativas de carreiras jurídicas: Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) e Associação Nacional dos Membros do Ministério Público (Conamp).

    A análise dos casos no STF começou em junho de 2023 e terminou no final do mês seguinte.

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