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    Caio Junqueira
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    Caio Junqueira

    Formado em Direito e Jornalismo, cobre política há 20 anos, 10 deles em Brasília cobrindo os 3 Poderes. Passou por Folha, Valor, Estadão e Crusoé

    Enchentes mobilizam PT-RS por reestatização de companhia de água privatizada por Leite

    Antiga estatal gaúcha, Companhia Rio Grandense de Saneamento (Corsan) foi vendida em 2022 por R$ 4,15 bilhões

    O PT do Rio Grande do Sul se mobilizou após as enchentes do estado para tentar rediscutir a privatização da Companhia Rio Grandense de Saneamento (Corsan), antiga estatal gaúcha privatizada pelo governador Eduardo Leite em 2021.

    A estatal foi vendida no final de 2022 por R$ 4,15 bilhões para o Grupo Aegea. Na época, 317 dos 497 municípios contratavam os serviços da empresa.

    Em Canoas, município da região metropolitana muito afetado pelas enchentes, a Câmara dos Vereadores aprovou por 19 votos a 0 a criação de uma comissão especial para municipalizar o abastecimento de água na cidade. O município é um dos 317 dos 497 do estado atendidos pela empresa.

    “Este pedido justifica-se pelo fato que a municipalização do abastecimento de água em nossa cidade é uma medida imprescindível, dado o desempenho insatisfatório demonstrado pela Corsan na gestão durante os períodos de crise”, diz o pedido, formulado pelo vereador Emílio Neto (PT).

    “Ao transferir a administração deste serviço vital para o município, visamos assegurar uma gestão mais eficiente e responsável, que priorize o bem-estar da população e garanta um fornecimento contínuo e de qualidade de água potável”, acrescenta.

    A comissão deve produzir um relatório final, que poderá virar um projeto de lei que tiraria da Aegea a gestão do saneamento municipal. “Para aprovar o projeto bastam 14 dos 21 vereadores. Como todos assinaram o requerimento da comissão, a perspectiva é positiva”, disse à CNN a vereadora Eunice Wolf.

    O PT já vinha questionando a venda da Corsan junto ao Tribunal de Contas do Estado, sob o argumento de que ocorreram irregularidades no processo de venda e de que houve subvalorização do preço. O governo do estado contesta a acusação.

    Esse movimento foi reforçado após as enchentes e tem sido liderado principalmente pela bancada da Assembleia Legislativa que tenta colocar de pé uma CPI para investigar a privatização da companhia de energia elétrica e, nesta comissão, apurar também a venda da Corsan.

    “Falta apenas uma assinatura para a CPI. A ideia será trabalhar na subvalorização da venda delas e na péssima prestação de serviços”, disse à CNN a coordenadora da bancada , Mari Petruzzi. De acordo com ela, as enchentes reforçaram o movimento diante do caos instalado no estado. “O ambiente está muito favorável”, disse.

    Já na Câmara Municipal de Porto Alegre, o partido trabalha para evitar a privatização do Departamento de Água e Esgoto (Dmae), que estava em curso pelo prefeito Sebastião Melo (MDB).

    O Dmae está no centro do debate das enchentes porque é o órgão responsável pelo abastecimento de água, esgotamento sanitário e drenagem urbana, além das Estações de Bombeamento de Água Bruta (EBABs) que falharam na contenção das águas.

    “O movimento aqui é pela refundação do Departamento de Esgotos Pluviais (DEP) e não deixar privatizar o Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae)”, disse à CNN o vereador Engenheiro Comassetto (PT).

    O partido acusa a gestão atual e a anterior, do PSDB, de ter sucateado o Dmae, motivo que teria levado às falhas.

    A CNN procurou a assessoria da Aegea e o prefeito Sebastião Melo, mas eles não se manifestaram.