Dólar sobe a R$ 5,27 com dados do exterior; Ibovespa fecha em baixa de 0,17%
Moeda norte-americana valorizou 0,61%, principal índice da B3 encerrou aos 100.591,41 pontos
O dólar encerrou em alta de 0,61%, a R$ 5,267, nesta terça-feira (28), após dados ruins da confiança do consumidor norte-americano reforçarem um pessimismo no mercado e temores de recessão, levando a uma aversão a riscos que prejudica o real.
Esse foi o 13° avanço do dólar em 16 sessões, e deixou a moeda acima de sua média móvel linear de 200 dias, patamar técnico importante, pela primeira vez desde o final de janeiro deste ano.
A moeda norte-americana também passou a valorizar no exterior após a presidente do Banco Central Europeu (BCE) deixar em aberto uma possível alta de juros em julho, reduzindo a alta do real.
Já o Ibovespa recuou 0,17%, aos 100.591,41 pontos, acompanhando o desempenho negativo das ações nos Estados Unidos.
Ao mesmo tempo, setores como o de varejo foram prejudicados pela alta nas curvas de juros futuros, refletindo a indicação de uma economia mais aquecida que o esperado após os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de maio, o que pode levar a uma inflação elevada por mais tempo e demandar juros maiores.
A questão fiscal também voltou ao radar dos investidores. A perspectiva de que o governo federal aumente seus gastos por meio da PEC dos Combustíveis, com um possível desrespeito ao teto de gastos, desagrada o mercado, e pode retirar investimentos do país.
O relator do projeto no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), apresentará nesta terça-feira o parecer sobre o projeto. Ele deve incluir um aumento no valor do Auxílio Brasil e do vale-gás, e criar um novo auxílio financeiro voltado para caminhoneiros, como forma de suavizar o impacto das altas nos preços dos combustíveis.
O Banco Central fez neste pregão leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de agosto de 2022. A operação do BC ajuda a dar liquidez na moeda, mas especialistas consultados pelo CNN Brasil Business apontam que o órgão poderia atuar mais para conter a volatilidade do câmbio.
Na segunda-feira (27), o dólar fechou em queda de 0,32%, cotado a R$ 5,235. Já o Ibovespa avançou 2,12%, aos 100.763,60 pontos.
Caged
O Brasil registrou um saldo positivo de 277.018 vagas formais em maio, conforme dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho e Previdência nesta terça-feira (28).
O número é resultado de 1.960.960 admissões e 1.683.942 desligamentos, e representa uma alta em relação ao dado de abril, quando o saldo de vagas formais ficou em 197.443.
Já no acumulado de 2022, o saldo registrado foi de 1.051.503 empregos, decorrente de 9.693.109 admissões e de 8.641.606 desligamentos.
Apesar da evolução mensal do número de vagas, o salário médio de admissão em maio registrou queda de R$ 18,05 (0,94%) em relação a abril, ficando em R$ 1.898,02.
Sentimento global
Os investidores ainda mantém uma aversão global a riscos desencadeada por temores sobre uma possível desaceleração econômica generalizada devido a uma série de altas de juros pelo mundo para conter níveis recordes de inflação, o que prejudicaria diversos tipos de investimentos.
A principal causa para essa aversão é o ciclo de alta de juros nos Estados Unidos, com a elevação mais recente anunciada pelo Federal Reserve em 15 de junho. A autarquia elevou os juros em 0,75 ponto percentual, na maior alta desde 1994, e deixou uma porta aberta para um aumento na mesma magnitude em julho.
Os juros maiores nos Estados Unidos atraem investimentos para a renda fixa do país devido a sua alta segurança e favorecem o dólar, mas prejudicam os mercados de títulos e as bolsas ao redor do mundo, inclusive as norte-americanas.
Ao mesmo tempo, o Banco Central Europeu (BCE) sinalizou altas de juros a partir de julho, enquanto a China enfrenta um novo aumento de casos de Covid-19 com temores de novas restrições e o risco fiscal no Brasil voltou a ganhar força.
Com isso, a combinação de um cenário doméstico debilitado, com o retorno de riscos fiscais e temores sobre interferências na Petrobras, e a perspectiva no exterior de fortes apertos monetários voltaram a prejudicar o mercado brasileiro.
Sobe e desce da B3
Veja os principais destaques do pregão regular desta terça-feira:
Maiores altas
- Pão de Açúcar (PCAR3) +2,86%;
- BB Seguridade (BBSE3) +2,13%;
- Vale (VALE3) +1,79%;
- Vibra (VBBR3) +1,56%
- Braskem (BRKM5) +1,54%;
Maiores baixas
- Hapvida (HAPV3) -5,78%;
- Via Varejo (VIIA3) -5,45%;
- Positivo (POSI3) -5,38%;
- CVC (CVCB3) -5,06%;
- Ecorodovias (ECOR3) -4,80%
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*Com informações da Reuters