Ministro sugere que população beba menos chá no Paquistão para frear pressão financeira
País é maior importador mundial de chá, comprando mais de US$ 640 milhões em 2020
Os paquistaneses foram instados a beber menos chá para manter a economia à tona, já que o maior importador de chá do mundo luta contra a inflação crescente e uma rúpia [moeda] em rápida desvalorização.
O ministro federal do Planejamento e Desenvolvimento do país, Ahsan Iqbal, disse na terça-feira (14) a repórteres que os paquistaneses podem reduzir seu consumo de chá em “uma ou duas xícaras” por dia, já que as importações estão colocando pressão financeira adicional no governo.
“O chá que importamos é vindo por meio de um empréstimo”, disse Iqbal, acrescentando que as empresas também devem fechar mais cedo para economizar eletricidade.
O país de 220 milhões de habitantes do sul da Ásia é o maior importador mundial de chá, comprando mais de US$ 640 milhões em 2020, segundo o Observatório de Complexidade Econômica.
O Paquistão enfrenta graves desafios econômicos há meses, levando a um aumento nos preços dos alimentos, gás e petróleo.
Enquanto isso, suas reservas em moeda estrangeira estão diminuindo rapidamente. Os fundos mantidos pelo banco central caíram de US$ 16,3 bilhões no final de fevereiro para pouco mais de US$ 10 bilhões em maio, segundo a Reuters — uma queda de mais de US$ 6 bilhões e suficiente para cobrir o custo de dois meses de suas importações.
Muitos no Paquistão foram às redes sociais para ridicularizar o apelo de Iqbal, dizendo que cortar o consumo de chá faria pouco para aliviar os problemas econômicos do país.
A crise econômica do Paquistão esteve no centro de um confronto político entre o primeiro-ministro Shehbaz Sharif e seu antecessor Imran Khan no início deste ano, levando à deposição de Khan em abril.
Sharif acusou Khan de má gestão econômica e má gestão da política externa do país, forçando Khan a deixar o cargo em um voto de desconfiança.
Aceitar a crescente crise econômica tem sido um desafio para o governo de Sharif.
No mês passado, o Paquistão proibiu a importação de itens não essenciais e de luxo para “controlar a inflação em espiral, estabilizar as reservas cambiais, fortalecer a economia e reduzir a dependência do país das importações”, disse o ministro da Informação, Marriyum Aurangzeb, em entrevista coletiva em 19 de maio.
Sharif disse na época que a decisão “salvará o país precioso divisas estrangeiras” e que o Paquistão tem que “praticar a austeridade”.
No final de maio, o governo suspendeu o teto dos preços dos combustíveis — uma condição para que um acordo de resgate com o Fundo Monetário Internacional (FMI) fosse adiante.
Na semana passada, o governo divulgou um novo orçamento de US$ 47 bilhões para 2022-23 em uma tentativa de convencer o FMI a reiniciar o acordo de resgate de US$ 6 bilhões, acordado por ambas as partes em 2019.