Análise: Com Leite no palco, Lula busca marcar diferença de Bolsonaro em discurso no RS
Presidente repisou o bordão do seu governo - união e reconstrução - e repetiu o mantra que o momento é deixar as diferenças de lado
O longo discurso que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez em São Leopoldo nesta quarta-feira (15) parece ter sido preparado sob medida para marcar a diferença entre seu governo e o do antecessor, Jair Bolsonaro (PL).
No momento em que pesquisas apontam para o que o cientista político Felipe Nunes e o jornalista Thomas Traumann classificam como “calcificação” da polarização, Lula chamou o antecessor de “incivilizado” sem citar seu nome e fez questão de colocar no centro do palco o governador Eduardo Leite (PSDB), que é um opositor.
Na cidade que votou majoritariamente em Bolsonaro em 2022 (55,9% contra 44%), Lula repisou o bordão do seu governo – união e reconstrução – e repetiu o mantra que o momento é deixar as diferenças de lado.
Numa fala que pareceu um improviso calculado, Lula citou um a um os gargalos de sua administração como se estivesse apresentando um roteiro.
Admitiu que o povo “está p***” com o estado, disse que a classe média não pode ser abandonada e interagiu com o adversário político tucano. No auge da fala, disse nessa 3ª vez em que esteve no Rio Grande do Sul desde as enchentes – teve o encontro que precisava ter: com gente.
A leitura entre aliados do presidente e petistas próximos ao Palácio do Planalto é que o ministério extraordinário criado para atuar na tragédia do Rio Grande do Sul deve ter vida longa e ter papel central na reconstrução do estado.
Assim como a pandemia em 2022, as enchentes estarão no centro do debate político brasileiro nas eleições de 2026.