“Sabe as pressões que está sofrendo”, diz Mourão sobre Bolsonaro em relação à Petrobras
Governo federal anunciou mais uma troca na presidência da estatal na noite de segunda-feira (23)
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão (Republicanos), afirmou nesta terça-feira (24) que o presidente Jair Bolsonaro (PL) se sente pressionado sobre a situação da Petrobras. Na noite de segunda-feira (23), o governo federal anunciou mais uma troca na presidência da estatal. O indicado foi Caio Mário Paes de Andrade, da Secretária Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia, onde é responsável pela plataforma gov.br. Ele substitui José Mauro Ferreira Coelho.
“Da outra vez tinham falado do nome do Caio, mas não emplacou. Vamos ver o que vai acontecer. Isso é decisão tomada pelo presidente, ele sabe as pressões que ele está sofrendo. Então, segue o baile e aguardar o que o Caio pode fazer”, afirmou o vice-presidente.
Por meio de uma nota, o MME (Ministério das Minas e Energia) justificou a troca de comando da Petrobras citando a escalada no preço dos combustíveis.
“Pelos diversos fatores geopolíticos conhecidos por todos resultam em impactos não apenas sobre o preço da gasolina e do diesel, mas sobre todos os componentes energéticos. Dessa maneira, para que sejam mantidas as condições necessárias para o crescimento do emprego e renda dos brasileiros, é preciso fortalecer a capacidade de investimento do setor privado como um todo. Trabalhar e contribuir para um cenário equilibrado na área energética é fundamental para a geração de valor da empresa, gerando benefícios para toda a sociedade”, diz o texto.
Mourão elogiou a escolha do nome de Paes de Andrade, que foi foi presidente do Serpro (Serviço Federal de Processamento de Dados) até agosto de 2020, mas admitiu que o novo nomeado pode enfrentar dificuldades à frente da estatal.
“Ele tem competência, mas vai pegar uma situação que não está fácil. Porque o problema do preço do petróleo está ligado à situação internacional, essa flutuação por causa do conflito da Ucrânia, a saída da Rússia do mercado. Os nossos problemas internos relacionados a não termos capacidade de refino para tudo aquilo que produzimos, transportamos nosso combustível em caminhões, falta adutora aqui porque poderia baratear. Não é tão simples esse problema’, afirmou Mourão.
Questionado se as trocas de presidentes da Petrobras podem ser vistas como intervenção de Bolsonaro na estatal, o vice disse que a nomeação faz parte das atribuições do cargo máximo do Planalto.
“Ele tem a prerrogativa de nomear o presidente da Petrobras. Claro que isso vai passar pelo conselho de acionistas, conselho de administração, mas isso não é de hoje pra amanhã. Leva uns 40 dias”, disse o vice-presidente.
Nomeado
Paes de Andrade é formado em Comunicação Social pela Universidade Paulista, pós-graduado em Administração e Gestão pela Harvard University e Mestre em Administração de Empresas pela Duke University.
“O indicado reúne todos as qualificações para liderar a companhia e superar os desafios que a presente conjuntura impõe, incrementando o seu capital reputacional, promovendo o continuo aprimoramento administrativo e o crescente desempenho da empresa, sem descuidar das responsabilidades de governança, ambiental e, especialmente, social da Petrobras”, informou em nota o MME.
(Publicado por Carolina Farias)