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    Thais Herédia
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    Thais Herédia

    Passou pelos principais canais de jornalismo do país. Foi assessora de imprensa do Banco Central e do Grupo Carrefour. Eleita em 2023 a Jornalista Mais Admirada na categoria Economia do Jornalistas & Cia.

    Análise: Começou a transição no comando do BC

    Divergência no Copom sinaliza como será BC depois da saída de Campos Neto

    A decisão do Copom desta quarta-feira (8) representa um divisor de águas na gestão do Banco Central (BC) do governo Lula. A divergência dos votos pela redução da taxa de juros demarcou a divisão entre os diretores mais antigos, indicados por Bolsonaro, e os quatro que assumiram desde o ano passado, escolhidos por Lula.

    Começou a transição no comando do BC, disse à CNN um executivo do mercado que já esteve nas cadeiras do setor público.

    Ele se refere ao final do mandato de Roberto Campos Neto, em 31 de dezembro, e a expectativa por quem será nomeado como seu substituto.

    O candidato favorito é Gabriel Galípolo, nome muito ligado ao presidente Lula e ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

    A decisão dividida entre os dois grupos reforça seu favoritismo e antecipa o debate sobre o futuro BC, praticamente todo indicado pelo governo.

    “A credibilidade do BC começa a ser afetada agora, mesmo que Campo Neto ainda consiga maioria nas decisões. Quem tinha dúvida sobre como será a política monetária a partir de 2025, agora não tem mais”, disse um gestor de uma importante casa de investimentos no Brasil.

    Liderados por Roberto Campos Neto, quatro membros do colegiado votaram pela queda de 0,25 ponto percentual na Selic, para 10,25% ao ano, uma decisão mais conservadora que já havia sido sinalizada pelo presidente do BC nas últimas semanas no Brasil e nos Estados Unidos.

    Liderados por Gabriel Galípolo, outros três apontados pelo governo petista queriam corte maior, de 0,50 ponto percentual, também como havia sido sutilmente indicado por eles em encontros com investidores e entrevistas.

    A primeira vez que houve divergência nos votos pela redução da taxa de juros foi em agosto do ano passado, estreia de Galípolo no Copom.

    Naquele momento, quando aconteceu também a primeira queda da Selic em mais de um ano, Roberto Campos Neto votou com o novo diretor por um ritmo maior, de 0,50 ponto percentual. Durante as seis reuniões seguintes, a votação foi unânime pelo mesmo passo de quedas.

    Agora, a linha foi traçada na sala do oitavo andar do prédio do BC em Brasília. O “nós contra eles”, expressão cunhada por Lula em 2009, tende a se manter nos próximos encontros do Copom, na visão de diversas fontes ouvidas pelo blog, acelerando o processo de transição no comando da autoridade monetária.

    “O que está claro é que poderá haver divisão também na próxima reunião. Ainda são quatro diretores heterodoxos apenas. O problema é que a visão de um heterodoxo sobre a inflação nunca é na meta. Estão sempre mais confortáveis com inflação mais alta, próxima do teto da meta”, disse Sérgio Vale, economista da MB Associados.

    O ruído está contratado na relação do governo com o mercado financeiro e dos petistas contra Campos Neto e seus aliados no BC.