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    Eleições 2022

    Campanha de Lula tenta deixar polêmicas e mirar centro, dizem membros da equipe

    Ideia central é conquistar segmentos da sociedade com restrições ao petismo por meio da exploração de argumentos que apresentem dificuldades da população em geral com a chamada economia real

    Caio Junqueira

    A nova coordenação da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começou a atuar nesta semana com o objetivo de priorizar um discurso de comunicação mais ao centro por parte do petista e distanciamento de falas mais à esquerda para atrair eleitores que tradicionalmente não votam no PT. É o que revelaram à CNN integrantes da equipe de campanha.

    O “start” foi no lançamento da campanha no sábado, mas a ideia central, a partir de agora, é conquistar segmentos da sociedade com restrições ao petismo por meio da exploração de argumentos que apresentem dificuldades da população em geral com a chamada economia real. Por exemplo, inflação alta e desemprego.

    Dessa forma, o PT pretende também fugir da lógica que o presidente Jair Bolsonaro (PL) tenta trazer na campanha, de explorar uma agenda mais conservadora, como a pauta de costumes. Na visão de petistas, isso acaba por manter seu eleitorado cativo e assustar possíveis votos que poderiam ir para Lula.

    Assim, para atrair o agronegócio, por exemplo, tradicionalmente antipetista, a avaliação é de que é preciso muito mais trabalhar as dificuldades de financiamento do que o direito do setor se armar para defender sua propriedade, ideia defendida por Bolsonaro.

    A cúpula da campanha de Lula entende que o centro de gravidade da campanha deverá ser a economia e, após o lançamento da pré-campanha e reorganização da comunicação da campanha, pretende avançar nas redes sociais com esse discurso de conquista do centro. Uma das ações planejadas é fazer recortes das falas de Lula nesse sentido durante suas viagens e entrevistas e explorá-las nas redes sociais.

    Pretende, então, vender a ideia de que um novo governo Lula será de centro, no máximo de centro-esquerda, de modo a fazer com que setores avessos ao petismo, mas que se incomodam com o governo Bolsonaro, se sintam representados.

    Dessa maneira, tem-se mencionado a campanha que Tancredo Neves fez ao Palácio do Planalto em 1984. Petistas dizem que ele não era o candidato ideal –o próprio PT se absteve da votação — mas era o candidato que conseguiu aglutinar diferentes grupos contrários ao candidato do regime militar, Paulo Maluf.

    O próprio papel do candidato a vice, Geraldo Alckmin (PSB), já foi repensado. Petistas defendem que ele sirva como uma ponte ao centro e cumpra agendas nesse sentido, e não o contrário. Assim, a fala do ex-governador paulista em eventos das centrais no dia 14 de abril no qual gritou “viva os trabalhadores do Brasil” é tudo o que a nova coordenação da campanha não quer. Alckmin já sabe disso, segundo aliados, e na próxima semana deverá começar a visitar cidades do interior paulista, onde o PT tem dificuldades.

    Na semana passada, a CNN revelou que o ato de lançamento da pré-campanha vinha sendo considerado um divisor de águas no partido. Isso porque Lula vinha acumulando declarações consideradas, dentro e fora do partido, equivocadas. Parte porque eram polêmicas (defesa do aborto, por exemplo), parte porque não ajudavam a avançar ao centro político (como as críticas à classe média), parte porque comprava brigas consideradas desnecessárias (caso das críticas a militares e a Arthur Lira).

    Nesta semana, a campanha já vem se reestruturando. A coordenação da comunicação, considerada frágil na primeira fase da campanha sob o comando de Franklin Martins, foi alterada. Assumiram em coparceira o deputado federal Rui Falcão e o prefeito de Araraquara, Edinho Silva, a quem o novo marqueteiro, Sidônio Palmeira, responderá.

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    CNN realizará o primeiro debate presidencial de 2022. O confronto entre os candidatos será transmitido ao vivo em 6 de agosto, pela TV e por nossas plataformas digitais.

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