Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Incertezas com guerra dificultam revisão do PIB do Brasil em 2022, dizem bancos

    Economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato Barbosa, disse à CNN que planejava melhorar a estimativa de crescimento deste ano, mas que decisão foi adiada

    Thais Herédiada CNN

    A surpresa positiva com o resultado do PIB de 2021 poderia ter desencadeado uma onda de revisões para expectativa de crescimento neste ano. Afinal, mesmo que a atividade fosse nula em todos os trimestres, o PIB (Produto Interno Bruto) já subiria 0,30% por causa do carregamento estatístico. É a mesma previsão captada pelo relatório Focus. Mas a incerteza com desfecho da guerra na Ucrânia segurou o movimento.

    O economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato Barbosa, disse à CNN que estava se preparando para melhorar a estimativa atual para este ano, de 0,5% de alta, com um intervalo mais alto de crescimento. Com a guerra, a decisão foi adiada e o banco deve manter algo “ao redor de 0,5%”.

    O mesmo relato foi feito à CNN pelo economista-chefe da XP, Caio Megale. A gestora está mais pessimista, com previsão de crescimento nulo para 2022. Segundo Megale, havia até um viés positivo na análise, mas ele foi cancelado pelo aumento da incerteza.

    “Desempenho de janeiro e fevereiro não foi bom. O viés que a gente tinha para rever o PIB em zero acabou sendo cancelado com a guerra na Ucrânia, a aversão ao risco crescente em função dela e a inflação”, disse à CNN.

    Em relatório enviado a clientes, a Capital Economics reconheceu que o final do ano mais forte em 2021 melhora a transição para 2022. Mas não há espaço para ser otimista. “(Isso) significa que o PIB pode não se sair tão mal quanto algumas das previsões mais pessimistas na faixa de consenso. Mas igualmente, não há muito motivo para otimismo”, escreveu William Jackson, economista-chefe para mercados emergentes. A consultoria prevê alta de 0,8%.

    O banco americano Goldman Sachs tem a mesma estimativa desde novembro passado, de 0,8% de crescimento. A retomada dos serviços e os estímulos fiscais devem impulsionar a atividade durante o ano. No curto prazo, levando em conta apenas fatores locais, a inflação, as incertezas políticas e a baixa confiança atuam como pressão contrária à retomada.

    Para o economista Gustavo Cruz, da RB Investimentos, olhando apenas para os fundamentos da economia, os serviços foram a boa surpresa do quatro trimestre do ano passado e devem seguir como o destaque da atividade em 2022. Além deste setor, o agronegócio forma a dupla de pilares que devem sustentar a expansão ao longo do ano.

    Correndo por fora, o ano eleitoral e a expectativa de gastos públicos podem empurrar o país com mais força. O auxílio social mais alto e as medidas que injetam recursos na economia podem amenizar os riscos apontados pelos economistas, como a inflação e os juros, que também estão no cenário de Gustavo Cruz.

    “A expectativa por mais gastos do governo, tanto federal quanto estadual, podem colaborar. Hoje nós vemos o PIB em 0,5%, mas há sinais mostrando que existe base para um crescimento maior. Há, sim, essa possibilidade. A indústria é o viés mais negativo, mesmo se houver a redução do IPI”, disse.

    Tópicos