Estimulação precoce pode auxiliar na integração de crianças com síndrome de Down
Presidente da Macedônia do Norte acompanhou criança de 11 anos à escola e defendeu inclusão como "princípio básico"
Na edição desta terça-feira (15) do quadro Correspondente Médico, do Novo Dia, o neurocirurgião Fernando Gomes falou sobre a importância da inclusão de pessoas com deficiência, principalmente no ambiente escolar, após um gesto do presidente da Macedônia do Norte chamar atenção em todo o mundo.
No último dia 7, Stevo Pendarovski resolveu levar uma menina de 11 anos de mãos dadas à escola na cidade de Gostivar, a 50 quilômetros da capital Skopje. Pendarovski quis demonstrar apoio à jovem Embla Ademi, que havia sido colocada em uma sala de aula separada de todos os outros alunos por ser portadora da síndrome de Down após o pedido de alguns pais.
“A inclusão é um princípio básico que devemos apoiar nestes casos”, disse o presidente. Segundo um relatório de 2018 do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), crianças com algum tipo de deficiência na região dos Bálcãs são regularmente discriminadas socialmente e têm mais dificuldade para conseguir ajuda e oportunidades de estudo.
Fernando Gomes ressaltou que a síndrome de Down não é uma doença, mas sim uma condição genética caracterizada pela presença de três cromossomos 21 e que atinge cerca de 300 mil pessoas no Brasil.
O distúrbio gera uma série de características físicas e clínicas que podem ser observadas desde o nascimento. Geralmente, bebês portadores da síndrome são menos agitados, possuem dificuldades para sugar e engolir e dificuldades para sustentar a cabeça e outros membros do corpo.
Na infância, os aspectos mais frequentes são a língua protusa – quando o órgão fica para fora da boca –, a incidência até 40% maior de cardiopatias e menor estatura em relação aos demais. “É uma situação que, do ponto de vista físico, requer um olhar diferenciado.”
“Do ponto de vista cognitivo, desde cedo, a partir do 15º dia de vida, já se pode começar uma estimulação multiprofissional precoce que vai impactar numa melhor qualidade de vida e numa melhor integração”, destacou.
O neurocirurgião apontou que, além do tratamento clínico, um dos aspectos mais importantes é a conscientização e o combate ao preconceito. Gomes elogiou a atitude do presidente da Macedônia e falou da tensão de pais de crianças portadoras da síndrome, que, regularmente, se questionam se a sociedade é segura o suficiente para seus filhos.
“Dependemos da empatia e do entendimento de todos para que termos uma sociedade mais justa, que seja inclusiva e que, principalmente, abarque a todos de uma forma bastante respeitosa”, disse.
No aspecto emocional, o médico acredita que o gesto de Pendarovski traz confiança, melhora a autoestima da criança e reforça a importância de um comportamento mais inclusivo. “Não adianta nada a medicina e a tecnologia evoluírem, se não evoluirmos nossos sentimentos e emoções”, finalizou.