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    Quem é Rivaldo Barbosa, delegado que teria planejado a morte de Marielle?

    Ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro atuou em casos como o da juíza Patrícia Acioli e do pedreiro Amarildo; Rivaldo também era professor de universidade particular

    Isabelle Salemeda CNN

    A maior surpresa da família de Marielle Franco entre os apontados pela Polícia Federal como mentores da morte da vereadora e do motorista Anderson Gomes foi o envolvimento do delegado Rivaldo Barbosa, que respondia indiretamente pelas investigações. Em entrevista à CNN, neste domingo (24), a mãe de Marielle, Marinete da Silva, se disse “surpresa e triste” a respeito da inclusão do ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro entre os mandantes do assassinato, em março de 2018. “Ele falou que era questão de honra solucionar o caso”, lembrou ela. 

    Rivaldo Barbosa tem 54 anos. Ele se formou em Direito em 1998, pela Unisuam, e há mais de 22 anos era delegado, no Rio. Entre os casos de destaque da carreira, esteve à frente da investigação que apontou PMs como os assassinos da juíza Patrícia Acioli, em 2011, em Niterói, e do pedreiro Amarildo de Sousa, em 2013, na Rocinha. 

    Antes de ser nomeado Chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, um dia antes da morte de Marielle e Anderson Gomes, em março de 2018, atuou na Divisão de Homicídios, além de outras delegacias e diversos setores da Polícia. 

    Depois de deixar a chefia, recebeu cargo na Coordenadoria de Comunicações e Operações Policiais da Secretaria. De acordo com o portal da transparência do Governo do Estado do Rio, no mês de fevereiro, o delegado recebeu mais de R$ 32 mil líquidos como salário. 

    Além da função de delegado, Rivaldo era professor de Direito há mais de 20 anos na Universidade Estácio de Sá e, desde julho de 2022, também tinha cargo de Coordenador Adjunto do curso, na instituição. Após a prisão, no entanto, a Estácio informou que o professor não faz mais parte de seus quadros, e que já foram tomadas todas as medidas necessárias para sua substituição e para a continuidade das aulas. “Nossa atuação é sempre pautada por princípios de ética, correção e não-violência”, reforçou a nota. 

    Não muito atuante nas redes sociais, Rivaldo costumava postar algumas informações sobre o trabalho na polícia e no ambiente acadêmico, além de mensagens bíblicas. 

    Na imprensa, Rivaldo era tido como um delegado atencioso, educado e que demonstrava técnica e competência. Mas, de acordo com a Polícia Federal, essas qualidades eram usadas de formas indevidas. A investigação do caso Marielle indicou que foi Barbosa quem orientou os executores a cometerem o crime longe da Câmara dos Vereadores, para que não se caracterizasse um “crime político”. Isso garantiria que o caso ficaria fora do âmbito da PF. 

    Ainda segundo os investigadores, a garantia de impunidade em torno do homicídio de Marielle seria “apenas mais uma que apareceu no balcão de negócios” da Divisão de Homicídios naquela gestão, uma vez que, segundo denúncia feita por Orlando Curicica, ex-policial militar que atuava como miliciano e chegou a ser envolvido indevidamente na morte de Marielle, havia um esquema de pagamento mensal de propina realizado pelas milícias para as delegacias do Rio.  

    Ainda de acordo com ele, a DH recebia mensalmente em torno de R$ 60 mil a R$ 80 mil para não chegar aos culpados de determinados crimes. “Isso quando não auferia uma remessa adicional em razão dos crimes que deixavam provas/rastros”, afirma o relatório da PF. 

    A CNN procurou o advogado do delegado Rivaldo Barbosa, Alexandre Dumans, e aguarda retorno. Na porta da PF, no último domingo, ele disse que ainda não havia falado ainda com o delegado e nem tido acesso aos autos, por isso não poderia comentar o caso. 

    O Governo do Estado do Rio informou que três delegados da Subsecretaria de Inteligência da Polícia Civil acompanharam as diligências que envolveram Barbosa e o delegado Giniton Lages, além de um comissário, os dois últimos, alvos de mandados de busca e apreensão.  

    “A participação, seja qual for, de agentes públicos neste crime, será rigorosamente apurada para que sejam punidos exemplarmente. A Corregedoria Geral Unificada, sob a liderança do desembargador Antônio José Ferreira Carvalho, vai apurar a conduta destes policiais com o devido rigor necessário. Continuamos apoiando as instituições para o desfecho final desse crime”, disse o comunicado.

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