Ex-ministro de Bolsonaro rebate Nísia e diz que ação contra dengue é uma “lástima”
À CNN, ministra disse ter encontrado Ministério da Saúde em situação de abandono e desestruturação
O ex-ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, rebateu as críticas feitas pela atual comandante da pasta, Nísia Trindade. Em entrevista à CNN, a socióloga acusou a antiga gestão de “abandono e desestruturação do sistema público” durante a pandemia de Covid-19.
Como exemplo, Nísia afirmou que houve “designação de quadros indevidos”, “compras suspeitas”, “ilicitudes” na gestão de hospitais federais do Rio de Janeiro.
“A senhora ministra da Saúde, após mais de um ano de gestão, absolutamente inepta, presa a pautas identitárias, que culminou, por enquanto, na demissão de dois dos mais importantes secretários do Ministério da Saúde, insiste em atribuir seus insucessos a terceiros”, disse o ex-ministro da Saúde em resposta a ela.
Em longa nota publicada nas redes sociais, Queiroga usou o escalonamento da dengue no país para criticar a atual ministra.
“Não há como negar que a condução da epidemia de dengue pela gestão do Ministério da Saúde é uma lástima”, afirmou Queiroga.
Quando Queiroga era ministro, Nísia presidia a FioCruz, responsável pelo desenvolvimento de parte das vacinas contra Covid-19. Isso também foi citado pelo ex-ministro.
“Esforça-se em dizer que tudo é responsabilidade do governo anterior, ao estilo herança maldita. Esqueceu que foi reconduzida à presidência da Fiocruz pelo presidente Jair Bolsonaro” lembrou.
À CNN, Nísia Trindade evitou fazer críticas pessoais a políticos que têm torcido por sua demissão e chamou de superficial a abordagem dada aos embates entre governo e Congresso.
Para Queiroga, Nísia poupou o centrão. “Surpreende as ácidas críticas à gestão anterior e a ternura com o chamado centrão”, ironizou.
Fogo amigo
Durante a entrevista, Nísia foi questionada sobre o suposto fogo amigo sobre sua gestão. Se saiu assim: “fogo, para mim, nunca é amigo”.
Alvo do centrão e também de alguns integrantes do PT, Nísia disse que é preciso refletir sobre os papéis dos poderes Executivo e Legislativo no país. Também afirmou ser alvo de machismo por comandar uma das pastas com maior orçamento na Esplanada dos Ministérios. Segundo ela, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nunca a pediu para falar “grosso”.