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    Larissa Rodrigues

    Acompanha de perto as articulações do Congresso com o Executivo e como a relação entre os Poderes interfere na vida da população e na economia do país

    Enfermeira se diz aliviada após indiciamentos por fraude em cartões de vacina

    PF aponta que médico usou um cartão da enfermeira de Goiás para falsificar vacinação da esposa de Mauro Cid

    A enfermeira Dzirrê de Almeida Gonçalves, que aparece como responsável por aplicar a dose do primeiro cartão de vacinação falso de Gabriela Cid, se diz aliviada com o indiciamento do médico Farley de Alcântara.

    De acordo com investigações da Polícia Federal, os dados de Dzirrê foram utilizado por Farley sem consentimento dela.

    O médico é sobrinho do sargento do Exército Luís Marcos dos Reis, um dos ex-ajudantes de ordens de Bolsonaro.

    “Estou muito aliviada. Só quero muito que tudo isso acabe e se esclareça”, disse a enfermeira à CNN.

    Em depoimento à PF, o médico admitiu que atendeu a um pedido do tio ao assinar e carimbar um cartão de vacina da esposa de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL).

    Para isso, de acordo com as investigações, Farley Alcântara copiou os lotes da vacina contra a Covid-19 de um cartão de vacinação que a enfermeira de fato preencheu.

    O documento foi registrado na cidade de Cabeceiras (GO), cerca de 100 quilômetros de Brasília, onde Farley trabalhava.

    No relatório final da PF, aparece trocas de mensagens entre o sobrinho e o tio.

    Na conversa, o ajudante de ordens pede: “Você consegue outro cartão?”. Logo em seguida, o médico responde: “Amanhã vejo se desenrolo isso. Cartão em branco, né?”. Isso porque, a dupla agiu ainda para conseguir um segundo cartão que pudesse ser anotado um lote de vacinas do estado do Rio de Janeiro.

    Para a Polícia Federal, foi com esse cartão em branco que o esquema de falsificação começou. A partir daí, o esquema chegou ao conhecimento do ex-presidente Jair Bolsonaro que também teria pedido cartões falsos de vacinação para ele e sua família.

    Nesta terça (19), o médico Farley Alcântara e seu tio foram indiciados pela prática do crime de falsidade ideológica de documento público, por terem “inseridos dados ideologicamente falsos de vacinação contra a covid-19 em nome de Gabriela Ribeiro Cid, esposa de Mauro Cid. Segundo a PF, os dois “tinham consciência da finalidade criminosa de seus atos”.

    Atualmente, Farley de Alcântara trabalha no Hospital H. Olhos, na cidade de São Gonçalo (RJ).

    Em maio do ano passado, quando a investigação começou, a unidade de saúde informou à reportagem que iria “aguardar a conclusão das investigações para avaliar quais medidas serão tomadas” quanto ao médico.

    Questionado nesta terça com o indiciamento de Farley o que seria feito, o hospital não respondeu aos questionamentos da reportagem.

    Esquema começou em Goiás

    Segundo investigações da Polícia Federal, Farley Vinícius Alencar de Alcântara trabalhava como médico plantonista no Hospital Municipal de Cabeceiras, quando escreveu informações falsas à mão em um cartão de vacinação.

    Inicialmente, a fraude teria intuito de beneficiar Gabriela Santiago Ribeiro Cid, esposa de Mauro Cid, ajudante de ordens do então presidente da República, Jair Bolsonaro (PL). Para isso, ele teria pegado dados verdadeiros de um cartão com a assinatura da enfermeira Dzirrê, que de fato vacinou alguém.

    No entanto, para dar mais veracidade, os envolvidos resolveram adicionar a aplicação do imunizante no sistema do Ministério da Saúde diretamente da cidade de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Por isso a necessidade de um segundo cartão de vacinas, em branco, esse também conseguido pelo médico Farley.

    Esse esquema teria iniciado em 2021 e levado à falsificação de vacinação também de Bolsonaro e sua filha mais nova. Segundo a PF, “o colaborador Mauro Cid afirmou que o então presidente ao tomar conhecimento de que ele possuía cartões de vacinação contra a Covid-19 em seu nome e em nome de seus familiares, ordenou que o colaborador fizesse as inserções para obtenção dos cartões ideologicamente falsos para ele e sua filha”.

    A CNN tenta contato com o médico e seu tio, mas ainda não obteve retorno.