Petrobras cai mais de 5% após fala de CEO sobre dividendos; empresa diz que não há decisão tomada
Desempenho faz empresa perder R$ 30 bilhões em valor de mercado; Jean Paul Prates disse que estatal será mais cautelosa no pagamento de dividendos extraordinários
As ações da Petrobras fecharam entre as maiores baixas do Ibovespa nesta quarta-feira (28) após declarações do presidente-executivo sinalizando uma postura mais conservadora em relação à remuneração aos acionistas da petroleira.
As ações preferenciais (PETR4) perderam 5,16%, enquanto as ordinárias (PETR3) tiveram queda de 5,39%. O resultado fez a companhia perder cerca de R$ 30 bilhões em valor de mercado.
O desempenho dos papéis – que estão entre os maiores pesos do mercado doméstico – contribuiu para a queda de 1,16% do Ibovespa, aos 130.155 mil pontos.
Jean Paul Prates, disse em entrevista à Bloomberg que a Petrobras será mais cautelosa no pagamento de dividendos extraordinários à medida que se move para se tornar uma potência de energia renovável.
No fim da tarde, a empresa soltou comunicado ao mercado informando que não há decisões tomadas sobre a política de dividendos.
As ações da companhia têm renovado máximas históricas, em boa parte apoiadas nas expectativas sobre a remuneração aos acionistas.
De acordo com Tiago Cunha, gestor de renda variável da Ace Capital, as expectativas do mercado quanto ao pagamento de dividendos estavam mais próximas de um valor máximo ao potencial a ser distribuído.
“A fala do presidente, nesse sentido, coloca uma dúvida sobre qual será o percentual pago. Dependendo do percentual, a Petrobras terá um ‘dividend yield’ próximo das outras grandes empresas de petróleo no mundo, o que não justificaria uma preferência pela empresa brasileira”, acrescentou.
A Petrobras divulga seu resultado do último trimestre e do ano de 2023 no dia 7 de março, quando deve também anunciar sua decisão sobre a remuneração aos acionistas.
Em relatório recente, analistas do Goldman Sachs afirmaram enxergar espaço para a empresa entregar um dividend yield de cerca de 11% em 2024 e de 8% em 2025, apenas aplicando a política da companhia de pagar 45% do seu fluxo de caixa livre menos o capex, sob a curva futura de preços do petróleo Brent.
Do ponto de vista de fluxo de caixa livre yield (FCFy), no entanto, eles veem a Petrobras entregando cerca de 17% e 11% em 2024 e 2025, o que implica que a empresa poderia impulsionar a sua política de dividendos através de um dividendo extraordinário totalmente financiado pelo fluxo de caixa livre.
“Vemos espaço para a Petrobras anunciar até um máximo de cerca de 10% de dividend yield junto com os lucros do quarto trimestre (cerca de 3% de política mais 7% extraordinários) e, portanto, uma vez que tal dividendo fique ex-data, o FCFy pós-dividendo pode subir para cerca de 19% e 12% para 2024 e 2025.”
No mesmo relatório, eles avaliaram que a Petrobras tem capacidade de pagar até 8 bilhões de dólares em dividendos com a divulgação dos resultados do quarto trimestre, incluindo US$ 3,5 bilhões referentes ao terceiro trimestre e cerca de 3,6 bilhões de dólares estimados para o quarto trimestre.
“Está chegando a hora da verdade sobre os dividendos”, afirmou o gestor de uma empresa de previdência complementar.
*Com Reuters